Especialistas discutem emissões veiculares no Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 27/06/2005

Participantes da IV Conferência Internacional de Emissões Veiculares recomendaram a revisão dos limites de emissão do monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio para todos modelos de carros vendidos no Brasil.

O evento, promovido pela Afeevas - Associação de Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul, trouxe a Brasília (DF)especialistas nacionais e internacionais. Eles discutiram melhorias na eficiência dos combustíveis e opções para reduzir poluentes emitidos por veículos, além de trocarem experiências realizadas no Brasil, Estados Unidos, México, Chile e Equador.

No Brasil, desde 1986, funciona o Proconve, programa de redução de emissões de gases poluentes e de incentivo do desenvolvimento tecnológico nacional, tanto na engenharia automotiva, quanto em métodos e equipamentos para a realização de medições de poluentes. Com o programa, a emissão dos poluentes caiu 99%: passou de uma média de 54 g/km de monóxido de carbono para 0,3 g/km.

Para o coordenador do Proconve, Paulo Macedo, a manutenção preventiva pelos proprietários de veículos também ajudaria a baixar os percentuais de emissões.

“O brasileiro não tem esse hábito. O motorista só leva seu carro ao mecânico quando ele quebra. Não percebe que a manutenção preventiva, além de diminuir a emissão de poluentes, poderia deixar seu carro mais econômico e eficiente.”


Trabalhos e Discussões:

O programa da conferência englobou questões de saúde, combustíveis mais limpos (com menor teor de enxofre na gasolina e no óleo diesel), busca de soluções dos problemas do meio ambiente, adoção de novas tecnologias por parte dos produtores de combustíveis, inspeção veicular e melhoria no transporte público.

Os trabalhos apresentados e os debates realizados durante a conferência resultaram em uma série de sugestões ao Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente, à ANP - Agência Nacional de Petróleo e aos governos locais.

O Conama recebeu o maior número de sugestões, entre elas, revisar os limites de emissão do monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio para todos os veículos, independente do tipo de combustível utilizado; definir mais claramente as responsabilidades do proprietário do veículo e dos profissionais ou empresas de reparação, atribuindo a eles as penalidades em caso de violação; intensificar as discussões para harmonização das especificações de combustíveis, limites, normas e procedimentos na América do Sul, preservando as conquistas brasileiras no controle de emissões veiculares; reunir as Resoluções Conama em um texto abrangente e melhorar os aspectos jurídicos do Proconve.

À ANP coube a sugestão de melhorar a qualidade dos combustíveis eliminando o enxofre da gasolina e do óleo diesel e aos governos locais a adoção de políticas de substituição de frotas antigas e metas decrescentes para o potencial poluidor médio para as frotas de uso intenso e a busca de políticas de incentivos para a antecipação de combustíveis limpos e veículos de baixa emissão nos grandes centros urbanos.

Segundo o presidente da Afeevas, Roberto Pereira, o Brasil está no caminho certo, mas ainda há muito para fazer em relação à emissão de poluentes. Ônibus e caminhões são considerados pelos especialistas as fontes predominantes da poluição atmosférica, principalmente nas grandes metrópoles.

Um estudo realizado pela CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental verificou que as emissões de poluentes poderão diminuir significantemente nos próximos 20 anos. Porém, a maior dificuldade encontrada pelos produtores de combustível é reduzir a presença dos óxidos de nitrogênio nos motores a diesel dos veículos pesados. Isso significa a perpetuação dos graves problemas que o planeta enfrenta hoje em relação à camada de ozônio.



Fonte: Ibama