O País deve diminuir o desmatamento para prevenir o aquecimento global

Editoria: Vininha F. Carvalho 22/07/2005

No Brasil, 77% das emissões dos gases de efeito estufa são causadas por queimadas. Apenas esse dado serve de base para que a comunidade científica e o governo federal se conscientizem de um fator importante: a melhor forma de prevenir o aquecimento global é a adoção de políticas públicas que consigam diminuir o desmatamento.

A afirmação é do físico Luiz Pinguelli Rosa, secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, dirigido atualmente pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

“Só o desmatamento na região amazônica é responsável por 70% dos gases de efeito estufa. Esse é o maior problema brasileiro sob o ponto de vista das mudanças climáticas”, disse em seminário da 57ª Reunião Anual da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Fortaleza (CE), que abordou os impactos regionais das variações climáticas globais, na tarde de terça-feira (19).

“É impossível manter a Amazônia intocável, mas devemos combater o desmatamento de forma mais severa, senão os prejuízos para o futuro serão incalculáveis. É preciso mobilizar o exército brasileiro nas regiões mais críticas.

Com essa fiscalização, seria possível aplicar vários tipos de punições para os grupos que desmatarem”, disse Pinguelli, que também é professor da Coppe - Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O pesquisador apontou uma possível solução para a questão. Trata-se de uma proposta encaminhada ao governo federal para que o Brasil estabeleça metas de redução do desmatamento como forma de diminuir as emissões de dióxido de carbono.

“Além de evitar a destruição da floresta, o objetivo é promover a redução da emissão de poluentes que ameaçam mudanças globais drásticas no clima da Terra em um futuro próximo”, afirmou.

O assunto será abordado na próxima reunião dos países do G8, marcada para setembro, que será dedicada ao tema das mudanças climáticas. Para Pinguelli, a proposta brasileira pode ser um importante passo para um acordo global de desflorestamento.

“Por enquanto, não temos um número que represente o quanto seria possível deixar de desmatar. O que temos é um princípio que será debatido com o governo. A principal meta é adotar políticas que consigam desestimular as queimadas no país por razões econômicas”, disse Pinguelli.

Fonte: Agência Fapesp