Hotelaria volta a crescer em São Paulo

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/10/2005

A cidade de São Paulo realiza um evento a cada seis minutos, entre congressos, simpósios e convenções. Com tantas pessoas vindo à capital atrás de negócios, as cadeias relacionadas ao turismo vislumbram um futuro cada vez mais promissor para o setor.

"Mais quatro anos e São Paulo estará pequena de novo para a demanda de hotéis. A cidade cresce num ritmo grande e toda a cadeia produtiva do turismo é compensada", diz Toni Sando, diretor-superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), entidade que estimula o turismo na cidade.

Trabalho e turismo : São Paulo recebe 7,5 milhões de visitantes anualmente, dos quais 73% vêm a trabalho. "Nossa grande expectativa é que esse número passe para 15 milhões de pessoas daqui a seis anos, porque nossa oferta hoteleira e infra-estrutura nos torna muito competitivos", diz.

Mas nem só como capital de negócios São Paulo quer ser conhecida. De acordo com Sando, o próprio SPCVB tem promovido diversas campanhas para também trazer turistas de lazer, como diárias entre R$ 70 e R$ 80 para pessoas que comprovem ser do interior do Estado e ofertas especiais para cariocas passarem o fim de semana por R$ 399, o que inclui passagem aérea e hospedagem.

Mercado: De cinco anos para cá, o setor hoteleiro sofreu com o excesso de ofertas de quartos e viu os preços médios das diárias caírem drasticamente. O Caesar Park Faria Lima, por exemplo, foi lançado em maio de 2004, numa situação de mercado ainda instável, como explica o diretor Luis Calle. "Mas hoje, depois de 18 meses, mantemos uma curva de crescimento, o que poderia ocorrer mais rápido se a demanda fosse maior", diz.

O hotel pertence ao grupo mexicano Posadas, que enxerga o Brasil como segundo mercado em potencial para a América Latina.

"Achamos que, com essa parada na construção e abertura de flats, a hotelaria tradicional está voltando a ganhar força", diz.

Para ele, o próximo ano será melhor. "Projetamos crescimento, com possibilidade de aumentar o preço das diárias", diz.

Recuperação:No caso do Hotel Transamérica, também de luxo, a taxa média de ocupação caiu de 65% para 45% em cinco anos, mas está sendo recuperada. "A oferta agora praticamente estagnou e notamos a recuperação do valor das diárias", diz Paulo Bertero, diretor do Grupo Transamérica.

A americana Atlantica Hotels, que administra marcas de quatro grupos hoteleiros americanos - como Comfort e Quality Suites -, prepara uma guinada rumo ao interior do País e Nordeste, mas não deixará de investir na capital paulista. Em março de 2006, deverá ser inaugurado o primeiro hotel Go Inn, da categoria supereconômica, próximo da Cidade Universitária.

Centro : Em julho, a empresa assumiu a operação do Comfort Downtown, no centro de São Paulo, que pertencia à Accor. "O centro de São Paulo é interessante porque o visitante que não conhece a cidade prefere se hospedar ali", diz Annie Morrissey, vice-presidente de Marketing da Atlantica, que também faz parte do SPCVB.

A Atlantica já é o segundo maior grupo hoteleiro no Brasil, com 51 unidades em operação. "Após um período instável, que foram os anos de 2002 e 2003, este ano consolidamos nossa atuação no Brasil", diz Annie.

"Nossa expectativa é crescer de 4% a 5% em 2006", diz. Estão previstos oito novos empreendimentos, a maior parte de lazer, inclusive resorts.

Grupo francês :O grupo francês Accor tem seguido firme com seu modelo de expansão focado no hóspede de negócios e nas bandeiras Ibis (econômica) e Formule 1 (supereconômica). Até 2007, a rede terá 170 unidades hoteleiras em todo o País, o que coloca a empresa em uma posição privilegiada, com mais de 30% da fatia do mercado.

De acordo com Alberto Ribeiro, diretor de Desenvolvimento da Accor Hotels, a chave da expansão do grupo no Brasil foi o foco na hotelaria econômica. "Detectamos uma carência para esse nicho de mercado", explica. A bandeira Ibis alia confortos como ar-condicionado central a diárias de R$ 90.

O Formule 1, da supereconômica, tem diárias na faixa de R$ 70. Uma das apostas para 2006 é a inauguração de um Formule 1 no centro de São Paulo. Essas bandeiras têm altas taxas de ocupação, de 80% no caso do Ibis e de até 90% no Formule 1.

Fonte: Agencia Estado