Verdadeiro paraíso ecológico encravado na Serra da Mantiqueira

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/11/2005

[IMG_2_E]Baixas temperaturas, clima romântico e natureza privilegiada são praticamente sinônimos de Monte Verde. Cercada pelas montanhas da Serra da Mantiqueira, a estância fica a mais de 1.500 m de altitude e freqüentemente é chamada de Suiça brasileira. O charme da arquitetura local, a natureza, a estrutura turística e a gastronomia incentivam a comparação.

Monte Verde tem belíssimas casas em estilo europeu, morros, pedras, picos, mais de 200 hotéis e pousadas, e inúmeros bares e restaurantes que encantam tanto pela simplicidade da comida mineira como pelo sofisticado foundue ou pelos exóticos pratos com carne de javali criados na região.

Os costumes trazidos pelos primeiros moradores, o casal letão Verner Grinberd e Emilia Grinberd, e pelos letões, alemães, suíços e italianos que foram chegando depois, também colaboram para o ‘ar europeu’ que se respira em Monte Verde. Mas a vila tem personalidade e sotaque próprio. A hospitalidade, por exemplo, é típica do povo mineiro. Basta ir a uma das casas de chá ou entrar em um dos pontos de venda de queijos e vinhos, localizadas na principal avenida da estância, para ter certeza que o clima pode ser suíço, mas o prazer em receber é do autêntico mineiro. Ninguém sai sem “provar um bocadinho”.

Acolhedora, Monte Verde recebe e agrada famílias com filhos pequenos, jovens em busca do ecoturismo e casais apaixonados. A geografia local colabora para essa união de interesses tão diferentes, pois atende tanto quem busca o turismo contemplativo, como quem não se contenta apenas em apreciar belas paisagens e quer interagir, explorar e “viver” mais emoções do que cabem em um álbum de fotos da viagem. Ou seja, Monte Verde oferece prazeres para quem só quer fazer uma boa caminhada pela manhã, saborear um strudell numa charmosa casa de chá, namorar à beira da lareira, cavalgar com as crianças e também para os adeptos do montanhismo e do radical rappel.


História:

A história de Monte Verde se confunde com a história de Verner Grinberg, que chegou com sua família ao Brasil em meados de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. Atraídos por uma companhia inglesa que explorava madeira, os Grinberg e outros imigrantes da Letônia, instalaram-se numa colônia leta, em S. José dos Campos. Em 1921 é formada a Colônia Varpa, que abriga o mais importante núcleo de imigração da colônia leta para o Brasil. Foi nessa colônia, próxima à cidade de Paraguaçu Paulista, que Verner Grinberg conheceu Emília Leismeir.

Em 1936, já casado com Emília, Verner e seu pai sobem até o pé da Serra da Mantiqueira, em lombo de burro, abrindo picada no meio do mato, em busca de um lugar chamado Campos do Jaguari, município de Camanducaia, lugar de clima e paisagens semelhantes à Europa. Em 1938 adquire terras na região e inicia a formação de uma fazenda.

Com o passar do tempo, muitos de seus amigos e conhecidos começaram a sentir atração pelo lugar. Aos amigos e parentes, geralmente europeus e adeptos de sua religião, a batista, cedia terreno para que construíssem casas e viessem morar na fazenda, hoje Monte Verde. A partir de 1950, Grinberg começou a fazer loteamentos de suas terras e a investir na infra-estrutura da vila. Atualmente, Grinberg, nascido em 1910, e sua esposa, Emília, moram em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.


Capricho da natureza :

Flora: encravada na Serra da Mantiqueira, Monte Verde tem uma flora natural riquíssima, composta basicamente por liquens, musgos e flores silvestres, como bromélias. Com a chegada da primavera, em especial a partir de novembro, a paisagem “urbana” ganha o colorido das hortênsias, flor ornamental presente em quase todas as casas, hotéis e pousadas. Já as florestas de araucária encantam o ano inteiro. A partir de Camanducaia até Monte Verde, a paisagem é essa: muitas araucárias nativas, algumas centenárias. Há, inclusive, registros de araucárias de mais de 300 anos. Além de trechos da Mata Atlântica (incluindo as araucárias nativas), a região tem uma extensa área de reflorestamento formada por pinheiros e eucaliptos. Boa parte da mata original é protegida por lei e faz parte da APA – Área de Proteção Ambiental – Fernão Dias.

Fauna: esquilos não andam pelas ruas, mas podem surpreender o turista em caminhada por alguma trilha ou nos bosques da região. Pássaros como o beija-flor, tucano e gavião também são comuns na área.

Comida boa:

Desde a autêntica comida mineira, passando por trutas pescadas pelo cliente e pela tradicional comida italiana, até as novidades da culinária contemporânea ou a sofisticação do foundue, Monte Verde agrada a todos os gostos e ainda oferece deliciosos lanches de fim de tarde, como manda a tradição serrana. No roteiro gastronômico existem ainda as casas de chá e de queijo, chocolates deliciosos, crepes e espetinhos de morangos cobertos com calda de chocolate. Não há quem resista.

Nos finais de semana, o vai e vem de turistas pela avenida Monte Verde se mistura ao movimento dos bares com mesas externas. Alguns são ocupados desde o começo do dia – servem café da manhã –até o fim da noite. No decorrer do dia, o cardápio muda, dependendo da temperatura. Alguns pratos, porém, já se tornaram quase obrigatórios: ir à Monte Verde e não comer truta, por exemplo, é mais ou menos como ir à Salvador e não comer um acarajé. O strudell, servido nas casas de chá, docerias e hotéis, é imperdível. A receita, trazida pelas primeiras européias que povoaram a vila, se manteve intacta e guarda um sabor especial e peculiar. No jantar, o forte são os foundues de carne e queijo. Eles estão em praticamente todos os cardápios e costumam fechar a noite.


Atrações:


Caminhadas (trekking): Monte Verde é um paraíso ecológico, e uma boa maneira de se integrar a esse paraíso é fazer uma caminhada. O vilarejo é cercado por florestas e cinco picos principais (Pedra Redonda, Pedra Partida, Chapéu do Bispo, Pico do Selado e Platô), e todos são um convite ao turista, sejam praticantes habituais de montanhismo, sejam crianças, jovens e adultos apenas deslumbrados com a possibilidade de chegar ao “topo do mundo”. Sim, porque é essa a sensação que se tem ao botar o pé no pico.

Algumas trilhas, como as que levam à Pedra Redonda, são lineares –o percurso de ida e volta é o mesmo –, e podem ser desbravadas com tranqüilidade por toda a família. Outras, como as que levam à Pedra Partida ou ao Platô e Pico do Selado, são mais longas e recomenda-se que sejam feitas com guias especializados ou instrutores.


Pedra Redonda: a 1990 metros de altitude, pode ser feita sem guia especializado e o percurso de ida e volta tem cerca de 1,5 km. Uma opção é ir de carro até a caixa d’água e depois subir a pé.

Pedra Partida: a 2050 metros de altitude, tem um grau de dificuldade um pouco maior do que para subir a Pedra Redonda. Também é possível ir de carro até a caixa d’água e na bifurcação seguir a indicação para a Pedra Partida. O percurso dura cerca de 90 minutos, com paradas para descanso. Do topo, além de avistar Monte Verde e o Vale do Paraíba, pode-se ver a Pedra do Baú que fica na divisa de Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí.

Chapéu do Bispo: a 2030 metros de altitude, só pode ser alcançada em sua plenitude (2.030 m) por escalada. Também é possível ir até a caixa d´água (v. Pedra Redonda) e lá pegar uma trilha para o Chapéu do Bispo: são 10 minutos de subida íngreme e dez minutos finais de caminhada tranqüila. Outra opção é subir a rua do Bradesco até o início da trilha (cerca de 500 m), passar pela Cascata da Índia e pelo Vale do Eco, chegar ao Platô (cerca de 50 minutos) e lá pegar a trilha até o Chapéu do Bispo (mais 15 minutos).

Pico do Selado: a 2083 metros de altitude, é o mais alto pico do sul de minas. O percurso é o mesmo até o Platô e a caminhada de ida e volta dura cerca de quatro horas. Do topo avista-se Monte Verde e o Vale do Paraíba.

Dica: quem quiser aproveitar ao máximo o passeio pelas Pedras ou fazer trilhas mais radicais, com escaladas, pode contar com a agência MultiSport Mantiqueira. Ela tem guias especializados e oferece vários roteiros de caminhada, com diferentes níveis de dificuldade. Av. Monte Verde, 1095 – (35) 3438.2410


Turismo e aventura:

Passeio de quadricíclo – organizado pela Verderumo, empresa especializada em ecoaventura e turismo, é adrenalina na certa. São 15 máquinas à disposição do turista, que pode optar por passeios leves ou por trilhas mais radicais. Os passeios são acompanhados por guias e são tomados todos os cuidados com a segurança. Av. Monte Verde,Verde Rumo, www.verderumo.com.br.

Passeios de moto: o frio de Monte Verde não espanta os motociclistas. Ao contrário, as estradas de terra e as trilhas até as montanhas são a alegria de quem gosta de sentir o vento e a poeira e uma dose extra de adrenalina. Quem for habilitado pode alugar uma moto na Monte Motos. A empresa também aluga pickups e promove passeios com guias. Monte Motos – tel. (35) 3438.1636

Mountain Bike: assim como atrai fãs de motocross, Monte Verde é ideal para a prática de mountain bike. Terreno e natureza para essa atividade há de sobra.

Arborismo: a prática de caminhar suspenso entre as árvores, usando passarelas e cabos de segurança, que começou sendo utilizada como treinamento empresarial e ganhou adeptos, também é uma das atrações de Monte Verde. O percurso é de 130 metros, tem duração média de 20 minutos, em cinco etapas diferentes: ponte tibetana, falsa baiana, ponte tibetana móvel, trapézio e tirolesa (travessia em que se desliza de uma árvore para outra pendurado em uma roldana). O circuito de arborismo fica dentro da Chácara Adélia e é organizado pela MultSport Mantiqueira, Av. Monte Verde, 1095 – (35) 3438.2410

Rafting: ideal para quem gosta de emoções fortes, o rafting (esporte em que se desce as corredeiras de um rio a bordo de um bote inflável) é praticado no Rio Jaguari, considerado um dos melhores locais do Brasil para este esporte. O percurso, de 7 km, é vencido em cerca de 3 horas. Para praticar é preciso ter acima de 12 anos e equipamento de segurança. Informações com a Radix Esportes de Aventura - Rua Jacutinga, 208 – Tel.: (35) 3438-2663

Vôo panorâmico – fazer um vôo panorâmico por Monte Verde é uma das alternativas para conhecer toda a beleza da região. Os vôos saem do aeroporto e há opções de passeios de 15 minutos (sobrevôo por Monte Verde), de 25 minutos (Monte Verde mais Cachoeira dos Pretos) e de 55 minutos (Monte Verde e Campos do Jordão). Tel.: (35) 3438-1784.

Cavalgadas: alugar um cavalo para explorar as redondezas ou para fazer trajetos mais longos é outro passeio que dificilmente o turista de Monte Verde rejeita. Na vila há vários pontos de aluguel de animais. Alguns oferecem guia local, que acompanham o turista pelos principais pontos turísticos.


Como chegar

Distâncias: Monte Verde está a 167 km da capital paulista, 165 km de Campinas, 560 km do Rio de Janeiro e 488 km de Belo Horizonte. O acesso terrestre é pela Rodovia Fernão Dias (BR-381). A partir de Camanducaia, a estrada tem trechos de terra. Até Monte Verde são 30 km e o tempo médio de subida é de 45 minutos.

Saindo de São Paulo de carro: Pegue a Rodovia Fernão Dias. Entre na cidade de Camanducaia e siga as placas para Monte Verde.

Saindo de Campinas, de carro: Siga pela Rodovia D. Pedro I (SP-065), em direção a Jacareí. Entre à esquerda na Rodovia Fernão Dias (sentido Belo Horizonte) e vá até cidade de Camanducaia.

Saindo do Vale do Paraíba, de carro: há duas opções, dependendo da cidade de origem. A primeira pela Via Dutra, até o km 72, entrando na SP-065, seguindo até Atibaia e entrando à direita na Fernão Dias. A segunda alternativa é ir pela Dutra até o km 186, continuar pela BR-459 rumo a Pouso Alegre e entrar à esquerda na Fernão Dias.

Saindo de São Paulo, de ônibus: a única linha é da Auto Viação Cambuí. O ônibus sai do Terminal Rodoviário Tietê e leva duas horas até Camanducaia e mais uma hora e meia até Monte Verde. Antes de sair, confirme os horários dos ônibus pelos telefones (011) 6221.4165 ou (035) 34311277. Além de ônibus, pode-se ir de Camanducaia a Monte Verde de táxi ou de van.





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