Investimento Estrangeiro Direto

Editoria: Vininha F. Carvalho 23/11/2005

É muito comum associar turismo à hotelaria e, como turismo é um grande gerador de emprego, por conseqüência, admite-se que a hotelaria também seja e, a partir daí, muitos acreditam que o investimento em hotelaria incremente o turismo.

É até possível que isso ocorra, afinal, os resorts são geradores de demanda, porém, o investimento hoteleiro é, via de regra, de "fim de linha". Primeiro, há a necessidade do fluxo turístico para que a acomodação venha para lhes abrigar.

Os portugueses estão investindo algumas toneladas de recursos no turismo brasileiro e construindo muitos hotéis. Isto é conseqüência do fluxo maduro que se estabeleceu entre Portugal e Brasil, notadamente no nordeste brasileiro.

Espera-se que investidores de outros países, especialmente espanhóis e ingleses, comecem a seguir a mesma rota. Os espanhóis, a partir do Ceará, e os ingleses, a partir da Bahia.

Mas, por que só agora esse tipo de investimento desperta no País, se as belezas naturais aí estão há vários séculos?O Brasil percebeu que não há turismo sem infra-estrutura e sem superestrutura.

O País passou a tratar o turismo como produto ou serviço da pauta de exportação. Assim, houve uma maior atração de Investimento Estrangeiro Direto (IED).O turismo se constitui em importante plataforma para o incremento da competitividade brasileira. Todo ano, mais de quatro milhões de turistas vêm ao Brasil.

A meta é chegar a 2007 com uma entrada de nove milhões de estrangeiros por ano. Se isso acontecer, o volume dos gastos desses visitantes será de aproximadamente US$ 8 bilhões - o que fará com que a atividade esteja entre primeiros em captações estrangeiras. Todavia, o mercado turístico-hoteleiro ainda precisa de muito mais.

O turismo demanda paz, cultura, natureza e ações visando a conquistar fluxos maduros. A Bahia mostra sua força no setor, apoiada na cultura própria da nação baiana. O Estado da Bahia está sendo conhecido por muitos.

Nova York, ao contrário, é reconhecida. Os visitantes, mesmo os marinheiros de primeira viagem, reconhecem as ruas dos filmes, os monumentos e o "Central Park"; reconhecem o "Plaza", a quinta avenida e muito mais. As artes americanas, como o cinema, a fotografia e a música são instrumentos do turismo. São fatores promocionais do País.

A Bossa Nova (que por aqui quase ninguém ouve mais com entusiasmo) é uma bandeira brasileira nos ouvidos de muitos no mundo todo. Os filmes "Central do Brasil" e "Carandiru", também. É preciso, portanto, aproveitar melhor os "produtos" brasileiros.

Ainda que estejamos participando de um "boom" de investimentos, comparando-se com o que havia no passado, nós precisamos de fluxos turísticos maduros para atração de mais investidores e de maiores recursos.

O Brasil, agora, é que vai começar a competir de verdade com outros países e a briga por recursos não é silente. É uma briga comercial na qual estamos passando a participar como conseqüência dos bons resultados do turismo verde-amarelo.

Apoiar ações culturais que provocam reações contrárias ao turismo brasileiro é algo que deveria ser discutido pela sociedade. Poderá impactar no emprego de muitos. O Brasil tem lugares muito bonitos e talento cultural incomensuráveis. Será que eles não podem andar juntos e um apoiar o outro? Se assim for, o Brasil poderá lograr melhores resultados e colher bons frutos advindos do turismo.

Fonte: José Ernesto Marino - Presidente da BSH International