Apoio ao turismo já tem resultados na cidade mineira de Diamantina

Editoria: Vininha F. Carvalho 17/02/2006

Há 35 anos produzindo jóias artesanais em coco e ouro como anéis, colares, pingentes e pulseiras, na cidade histórica de Diamantina, em Minas Gerais, Izaac Luiz Pinheiro garante que, em 2005, aumentou entre 50% a 60% a produção destas peças. E está certo dos principais motivos do aumento da demanda: as ações desenvolvidas na cidade pelo Movimento Brasil de Turismo e Cultura (MBTC), que visa desenvolver o turismo levando em conta a cultura e peculiaridades locais em 24 destinos turísticos do País.

Realizado pelo Instituto da Hospitalidade em parceria com entidades e instituições como o Sebrae, o Movimento começou, em 2004, por Diamantina. Monumento histórico nacional e patrimônio mundial com sua história e acervo arquitetônico dos séculos XVIII, XIX e XX, a cidade é terra do fundador da capital federal, Brasília, o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e de Xica da Silva, a escrava que virou espécie de rainha.

Além de Diamantina, o MBTC já atua em mais seis destinos: Centro Histórico de Salvador (BA), Bonito (MS), Santa Tereza (RS), Aracati (CE), Cidade de Goiás (GO) e Penedo (AL). Os primeiros resultados foram apresentados no 2º Encontro Anual do MBTC,dentro do II Encontro Anual do Fórum Mundial de Turismo - Destinations 2005.

O trabalho tem por base a mobilização da comunidade, diagnóstico e resgate da cultura local promovendo um turismo que possibilite o desenvolvimento sustentável, econômico e social e que crie condições para a paz. Em Diamantina, nome originado da descoberta de diamantes na região, o trabalho é realizado por meio do projeto "Diamantina Sempre Viva - No Jeito de Ser do Seu Povo".

Entre os resultados da mobilização está a criação de uma associação com mesmo nome do projeto e integrada por moradores e empresários da área turística e aliada deste trabalho que inclui iniciativas para o resgate, fortalecimento e incentivo às tradições culturais como artesanato, música e gastronomia.


Atrativos

Para o resgate e fortalecimento dos valores culturais e sociais da região, em outubro de 2004, foi realizada programação com vários eventos culturais de potencial atrativo, como missa nos moldes antigos, rezada em latim e canto gregoriano; cortejo com figurinos de época e trouperagem, que reviveu os tempos em que os produtos eram levados para a cidade por troupeiros em lombos de burros.

Também houve a mostra "coco e ouro", com exposição das jóias artesanais de coco e ouro, produzidas na região desde o século XIX e ofício mantido seguidamente ao longo do tempo por artesãos como Izaak Luiz Pinheiro.

"Criei meus quatro filhos produzindo estas peças" conta Izaak, lembrando que a produção, que sempre foi média assim como a procura, registrou aumento entre 50% a 60% em 2005 o que, acredita, deve-se a ações como as desenvolvidas pelo MBTC.

"O movimento de turistas ainda é pequeno, mas que tem melhorado as vendas, isso tem", diz Izaak, que produz e vende as peças em sua microempresa, a Joalheria Xica da Silva.

"A história conta que ela era vaidosa, gostava de ouro, luxo", diz Izaak. Ele explica que o nome é homenagem à escrava que, na segunda metade do século XVIII, viveu em Diamantina, então Arraial do Tijuco, e era amante do milionário João Fernandes - designado pelo Rei de Portugal para ser contratador de diamantes. Ela vivia como rainha e sua história virou filme de Cacá Digues e novela do SBT - atualmente em reprise.

Os famosos banquetes oferecidos pela escrava também foram revividos com o jantar que recriou ambiente, personagens e cardápio da época. Outra atração foi o serestar, numa tentativa de resgatar as nem tão antigas, mas costumeiras serestas envolvendo grupos seresteiros tradicionais.

"Estas ações iniciaram o processo, mas é um trabalho que precisa ser contínuo e é para isso que o Sebrae e parceiros lutam", explicou Regina Faria, do Sebrae em Minas Gerais e responsável por outro projeto na área turística, o Estrada Real. Esse projeto também beneficia Diamantina, uma das pontas da estrada que era a via oficial obrigatória de acesso para as regiões das reservas de ouro e diamante no País.

Na avaliação de Regina, as atividades já serviram especialmente para começar a despertar na comunidade o interesse e orgulho por suas tradições.


"Muitas pessoas até tiraram suas peças de coco e ouro das gavetas e passaram a ostentá-las e os jovens estão preocupados em conhecer mais a história local", exemplifica Regina. Ela destaca, porém, que as atividades já trabalhadas ainda estão aquém do potencial de Diamantina. A meta agora, adianta, é consolidar estas iniciativas e desenvolver outras, incluindo atividades de ecoturismo.

Ela também prevê para 2005 a realização de pesquisa para medir os impactos das ações já desenvolvidas, como ocupações de hotéis e número de clientes atendidos em bares e restaurantes da cidade.

A atividade, explicou, está dentro da Gestão Estratégia Orientada para Resultados (Geor), a metodologia de produção e acompanhamento e medição de resultados de ações e projetos desenvolvidos pelo Sebrae e parceiros.



Fonte: Sebrae