Editoria: Vininha F. Carvalho 19/06/2006
Os portugueses foram os principais turistas europeus no Brasil em 2005: somaram 357.640 visitas. O número revela um crescimento de 6,13% sobre o contingente contabilizado no ano anterior, que havia sido de 336.988 (dados do Anuário Estatístico 2006). Operadoras portuguesas vêm anunciando reforços nas freqüências de vôos charters para a região Nordeste do País e serão abertas novas alternativas regulares.
Os investimentos de grupos hoteleiros daquele país multiplicam-se no litoral brasileiro, bem como o de particulares que adquirem residências de férias. Esse conjunto de fatores, associados às consistentes iniciativas de promoção turística, apontam para um crescimento ainda maior no fluxo entre as duas nações e contribuem para que cada vez mais brasileiros e portugueses falem a mesma língua.
Se comparado ao total de visitantes de Portugal recebidos em 2001 (165.898 pessoas) o salto na vinda de turistas para o Brasil chega aos 115,58%. Desde aquela época, os portugueses passaram da oitava para a terceira posição entre os principais emissores de turistas estrangeiros para o País, posto conquistado em 2004 e mantido em 2005. Em números absolutos, à frente deles, aparecem apenas argentinos e norte-americanos. Hoje são 17,28% dos turistas europeus no País e 6,67% do total de visitantes internacionais.
Desde 2003 o Ministério do Turismo, por meio da EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), põe em prática diversas ações específicas ao mercado português. A partir de 2004 essas estratégias contam com o apoio e participação direta do EBT (Escritório Brasileiro de Turismo), sediado em Lisboa. A abertura da unidade, em janeiro daquele ano, contribuiu em muito para o estreitamento do relacionamento com o mercado, de forma permanente e acessível.
Os números consolidados de 2005 sobre a atuação do EBT mostram a participação maciça: foram geradas espontaneamente mais de 50 matérias sobre o País na mídia local, realizadas quatro press trips, 18 operadoras diversificaram a oferta do destino Brasil, dois treinamentos para agentes e operadores de viagens foram promovidos, além de outras duas viagens do projeto Caravana Brasil, da participação em sete feiras e eventos de turismo na Europa e de 19 ações promocionais em Portugal. O EBT também mantém contatos com companhias aéreas e atua no fomento ao estabelecimento de vôos charters.
"O Brasil é destino estratégico das principais operadoras do mercado. Este ano nosso trabalho estará focado no apoio à comercialização dos destinos consolidados e na ampliação de novos destinos, bem como na capacitação dos agentes de viagem através do projeto de seu treinamento à distância em parceria com a FGV", detalha a consultora do EBT, Neiliana Araújo.
As ligações aéreas diretas, especialmente para as capitais do Nordeste, são importantes para a expansão no fluxo turístico. São vôos que permitem aos turistas lusos reduzirem o tempo de vôo de 9h30, em média, para o Rio de Janeiro (RJ) ou São Paulo (SP), para cerca de 7 horas, para Recife (PE), Natal (RN) ou Fortaleza (CE), por exemplo. No próximo verão, operadoras portuguesas anunciam a ocupação de mais de três mil assentos por semana em vôos charters para o Brasil. Club 1840, Iberojet, Mundovip, TerraBrasil e Travelplan devem acrescentar seis novos vôos semanais aos cinco já existentes.
Serão operações com partidas da cidade do Porto, Lisboa e de Funchal (Ilha da Madeira) com destino às capitais do Nordeste com equipamentos da BRA, EuroAtlantic e White. Natal, Salvador (BA) e Recife, com ampliação de freqüências, e São Luís (MA), como novidade. Marmara e Soltrópico também vão operar uma freqüência semanal, com equipamento da Star Airlines, partindo de Lisboa, com destino a Salvador e Porto Seguro (BA).
Na cabeça: Brindes com Marca Brasil caíram no gosto dos portugueses.
Quanto aos vôos regulares, vale lembrar que em meados de abril a TAP ampliou a oferta de assentos nos vôos entre Lisboa e a capital baiana. Desde maio opera também três novas freqüências para o Rio de Janeiro e três outras para São Paulo, a partir da cidade do Porto. E mais uma entre Lisboa e a capital paulista. Neste mês de julho, a BRA passa a oferecer vôos regulares para Lisboa e Madri (Espanha), mas esses com partidas de São Paulo e Rio. "Portugal hoje se apresenta como um importante centro de distribuição de passageiros para o Brasil. Os vôos vindos de lá servem tanto para a vinda de mais portugueses, como nos mostram os dados do fluxo, mas também para turistas de outras nacionalidades", analisa José Francisco de Salles Lopes, diretor de Estudos e Pesquisas da EMBRATUR.
Brasil, Eu Vou :
O Instituto procura estimular a demanda para o País com ações como a campanha de mídia internacional "Brasil, Vire Fã", em Portugal, que teve investimentos de cerca de R$ 1,7 milhão neste ano. Projetos de marketing voltados para o público final também foram promovidos, como no último mês, no Rock in Rio Lisboa. Mais de seis mil pessoas passaram pelo estande da EMBRATUR na Cidade do Rock e participaram da promoção "Brasil, Eu Vou", em parceria com Resorts Brasil (Associação Brasileira de Resorts).
Os visitantes preenchiam formulários, faziam fotos em painéis com imagens de destinos nacionais, que eram enviadas para amigos e os colocavam na disputa por uma viagem para cá. "Com isso criamos um mailing com mais de dez mil nomes que vamos usar para futuras ações de marketing de relacionamento", explica o gerente de Marketing Cooperado da EMBRATUR, Romualdo Lopes. Houve também grande exposição da Marca Brasil (identidade turística e dos principais atributos de exportação do País no exterior) pelo local do evento, distribuição de brindes e a exibição de vídeo promocional durante os intervalos das apresentações no palco principal.
Nessa "onda lusitana", vale destacar a multiplicação de investimentos internacionais, especialmente em hotelaria. A vinda de cadeias portuguesas estimula não só o fluxo de negócios, durante os trâmites de definição de investimentos, desenvolvimento e operação, mas também a vinda de mais turistas por meio da promoção dos empreendimentos no mercado português. E a nova realidade de transporte que aproxima Brasil e Europa também mexe com o mercado imobiliário no Nordeste.
Exemplos não faltam. Como o complexo Vila Galé Marés, em Guarajuba (BA), inaugurado em maio deste ano. O grupo também programa o desenvolvimento do Cumbuco Golf Resort, em Caucaia (CE), com a construção de um hotel e um campo de golfe, com investimentos na casa dos milhões de dólares. Recentemente o Grupo Espírito Santo lançou um loteamento residencial para ser vendido somente a portugueses também em Guarajuba e planeja a construção de uma unidade da rede Tivoly na mesma praia. Vale lembrar também a abertura, no final do ano passado, do luxuoso Hotel Convento do Carmo, em Salvador, com investimentos do grupo Pousadas de Portugal e do grupo Pestana. Outros grupos portugueses, como Reta Atlântico, Enotel, Dorisol, para citar apenas alguns, também acirram a competição pelo mercado nordestino.
"Essa injeção de capitais impacta positivamente a economia do turismo da região. Os investimentos de particulares acrescentam um ingrediente a mais que é a fidelização do turista. E a vinda das cadeias estrangeiras ajuda a aumentar a qualidade da oferta da região, ampliando ainda mais a competitividade", completa Salles Lopes.
