Aqüífero Guarani, nossa reserva de futuro

Editoria: Vininha F. Carvalho 21/06/2006

O Brasil é altamente privilegiado em termos de disponibilidade hídrica global: um volume médio anual de 8.130 km³, que representa 50.810 m³ por habitante. Porém, a distribuição de água no Brasil, como se sabe, é bastante irregular. De todo modo, com exceção dos estados situados no semi-árido do Nordeste, o país tem praticamente em todas as áreas do país gigantescas reservas de água, maiores ainda que aquelas contidas nos rios e lagos de superfície. São as reservas dos aqüíferos subterrâneos.

Graças ao ciclo hidrológico, parte da água superficial penetra nas rochas permeáveis formando vastos lençóis freáticos também chamados de aqüíferos. O maior do mundo é o Aqüífero Guarani, que ocupa uma área de mais de 1,2 milhão de km² no coração do continente.

Este aqüífero pode conter mais de 40 mil km³ de água – volume superior a toda a água contida nos rios e lagos do planeta – e estende-se pelo Brasil (Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 840.000 km²), Paraguai (58.500 km²), Uruguai (58.500 km²) e Argentina (255.000 km²).

A água do Guarani já abastece muitas comunidades nos estados do Sul-Sudeste do país. Estima-se que o aqüífero receba por ano 160 km³ de água adicionais vindos da superfície. O desafio é impedir que estas águas estejam poluídas, para que ele não corra riscos de contaminação.

– Somente este fato poderia significar que o abastecimento de água brasileiro estaria garantido, sem reciclagem e reaproveitamento por milhares e milhares de anos...Imagine então se fizermos uma reciclagem, tratamento e reaproveitamento eficientes. Teremos água para sempre – anima-se o geólogo Pedro Jacobi.

Para o especialista, o potencial de descoberta de novos aqüíferos, inclusive maiores do que o próprio Guarani, é muito grande, pois três quartos dos 8,5 milhões de km² do território brasileiro correspondem a bacias sedimentares como a do Paraná – unidades sedimentares porosas e permeáveis que podem formar excelentes aqüíferos de dimensões continentais.

– Em sondagens profundas (acima de 400 metros) na Bacia do Amazonas, no Pará, pudemos constatar esta verdade. Localizamos um gigantesco aqüífero com poço artesiano que até hoje fornece água ininterrupta à comunidade. Este reservatório, ainda não mapeado, foi intersectado em poucos furos distantes dezenas de quilômetros, o que dá uma idéia de seu volume – recorda-se Jacobi, que participou das prospecções.

Ele acrescenta que os aqüíferos têm uma água pura, sem poluentes ou contaminantes, podendo ser utilizada diretamente para consumo.

– Em outras palavras, uma água barata e pura que não necessita de tratamento.

Fonte: Jornal do Senado