Associação Brasileira do Veículo Elétrico é constituída no Rio de Janeiro

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/08/2006

Para superar as diversas barreiras que impedem a ampla adoção pela sociedade e pelo mercado de veículos elétricos para o transporte limpo e eficiente de pessoas e cargas, visando principalmente o bem-estar geral e a preservação do meio ambiente, foi oficializada, nesta semana, no Rio de Janeiro, a ABVE -Associação Brasileira do Veículo Elétrico.Incubada no INEE –Instituto Nacional de Eficiência Energética, que há mais de quatro anos vem promovendo amplos debates sobre esse tipo de veículo, a ABVE foi idealizada a partir de iniciativas e estudos realizados em conjunto com a UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo Jayme Buarque de Hollanda, diretor geral do INEE, a partir da constituição da nova entidade, a própria percepção dos participantes mostrará a discussão que deve ser mais imediata.A cerimônia de criação da ABVE acontecerá no dia 15 de agosto, durante o VE 2006 - 4° Seminário e Exposição de Veículos Elétricos que o INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética realiza nos dias 15 e 16 de agosto, na Escola SENAI Mário Amato – Faculdade SENAI de Tecnologia Ambiental (Avenida José Odorizzi, 1555), em São Bernardo do Campo, São Paulo.

O foco da ABVE são os veículos automotores que utilizam pelo menos um motor elétrico para sua tração, incluindo, dentre outros, os veículos elétricos a bateria, híbridos, de célula a combustível e trólebus, e a infra-estrutura de suporte.

Participarão como sócios da ABVE, constituída para ser uma organização sem fins lucrativos, todos os interessados no assunto, como os especialistas e empresários da área, fabricantes de veículos e componentes automotores, empresas de energia elétrica, estudantes e entidades de Direito Público.

A Diretoria Executiva da entidade será presidida por Antonio Nunes Junior, diretor do INEE, e funcionará na rua Manuel de Carvalho 16, 8º andar, Centro, Rio de Janeiro .

Fazem parte do Conselho Diretor Jayme Buarque de Hollanda, presidente do Conselho, Valter Luiz Knihs, da WEG, Eduardo Pires Cassus, da Petrobrás, e o professor Luiz Artur Pecorelli Peres, da UERJ, que atuou como membro do Comitê de Organização para criação da ABVE.


Associados:

As primeiras adesões a ABVE já aconteceram: UERJ, Auge Design (empresa de design e eventos), Ywy C&S (empresa de consultoria e serviços) entre outras. O professor Luiz Biondi Neto, diretor da Faculdade de Engenharia da UERJ, considera um excelente investimento entrar para a ABVE visto que já estão previstos dez projetos a serem desenvolvidos no âmbito desta sociedade, dos quais destaca o que prevê o Estabelecimento de Políticas Públicas para a Tecnologia Veicular Elétrica, inclusive, no tocante a incentivos e Programas de Demonstrações de Veículos Elétricos para o Público.

Na opinião do diretor-presidente da ABVE, Antônio Nunes, as ações individuais certamente são capazes de gerar resultados positivos, porém de menor alcance e a um custo maior.

“Para superar as diversas barreiras que limitam a opção por veículos elétricos é necessário haver cooperação efetiva das diversas empresas, entidades e indivíduos interessados nos benefícios que veículos elétricos podem proporcionar. A proposta é que essa cooperação seja efetivada através da ABVE, como já existente em vários países”, diz.

Nunes informa que a ABVE não apenas contribuirá para o crescimento de programas que promovam o rápido desenvolvimento, a demonstração e a comercialização de veículos elétricos, como também participará de programas de estudos e pesquisa na área de tecnologia e atuará junto às autoridades e outras entidades, visando a tomada de decisões e a implantação de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento e o uso da tecnologia veicular elétrica e o transporte limpo.

De acordo com ele, a ABVE também espera servir como uma fonte primária de informação, atualizada e completa, sobre aspectos técnicos, políticos, educacionais e de mercado do veículo elétrico, promovendo a sua difusão pelos meios de comunicação.

“Não há dúvida que energia e aquecimento global são preocupações centrais da atualidade. O uso de petróleo e de outros combustíveis fósseis é um dos problemas que mais pressionam no mundo hoje. As conseqüências das emissões veiculares no meio ambiente local, regional e global, e os danos comprovados para a saúde das pessoas e do planeta vêm demandando ações urgentes.

No Brasil, o setor de transporte,crucial em termos de perda de energia e de emissões de poluentes, pode aumentar sua eficiência e diminuir as suas emissões de poluentes”, lembra Nunes, informando que, de acordo com dados dos últimos Balanços Energéticos Nacionais, aproximadamente 56% da energia utilizada no Brasil têm origem fóssil (petróleo, carvão e gás natural).

“O setor de transporte consome 51% dos derivados de petróleo. Motocicletas, carros, vans, ônibus e caminhões produzem grande parte da poluição do ar. Assim, as novas tecnologias são bem-vindas porque podem aumentar a eficiência do uso da energia nesses veículos e reduzir a poluição”, defende.


Histórico do VE no Brasil:

As iniciativas brasileiras para o uso do veículo elétrico datam do início do século passado. Por volta de 1918, a cidade do Rio de Janeiro já contava com uma linha de ônibus elétrico somente a bateria, entre a Praça Mauá e o Palácio Monroe (já demolido), conforme atestam fotos da época. As dificuldades tecnológicas da época e o preço baixo do petróleo permitiram a intensificação do uso crescente da combustão interna em todo mundo.

As crises do petróleo dos anos 70 interromperam este ciclo, permitindo a retomada do veículo elétrico como opção de transporte. Esta nova situação influenciou a pesquisa e o desenvolvimento destes veículos também no Brasil que, nas décadas de 70 e 80 chegou a fabricar modelos de passeio e furgões.

Os diversos fenômenos causados pelo aumento da poluição e emissões para a atmosfera que em muitos casos causaram prejuízos consideráveis às atividades econômicas e ao meio ambiente provocaram novas posturas. A ênfase centrada na eficiência energética, na harmonia ecológica e na justiça social sintetiza o conceito de Desenvolvimento Sustentado, emergente do Relatório Brundtland, Nosso Futuro Comum, em 1987.

Este documento subsidiou a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992, na qual participaram mais de uma centena de chefes de estado. Entre as convenções assinadas na ocasião constam: a Convenção da Biodiversidade, da Floresta, da Mudança Climática e ainda a Agenda XXI, carta de compromisso para ações futuras.

Esse evento desencadeou diversas pesquisas, desenvolvimentos técnicos, legislações, conferências no Brasil e no exterior, assim como novos tratados dos quais se destaca o de Kyoto. É importante assinalar que atualmente no Brasil já são fabricados ônibus elétricos híbridos, bicicletas e motonetas elétricas, carros elétricos de pequeno porte e uma grande quantidade de componentes que reúnem as condições de infra-estrutura para a utilização mais intensa dos veículos elétricos e a sua penetração no mercado brasileiro.

Os benefícios decorrentes referem-se à maior eficiência energética e o bem-estar da sociedade com amplas possibilidades de utilização de fontes renováveis de energia tais como o etanol, o biodiesel, a eólica e a solar.

A percepção da necessidade da convergência de esforços dos novos atores e agentes deste processo tornou necessária a existência de um organismo autônomo e independente, como a ABVE, que possa reunir os interesses e ideais em prol do desenvolvimento da tecnologia veicular elétrica no Brasil.

Serviço:
ABVE – Associação Brasileira de Veículos Elétricos
Diretor-presidente Antonio Nunes Jr
Telefone (21) 2532-1389

VE 2006- 4° Seminário e Exposição de Veículos Elétricos
Realização: INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética
Fone: (21) 2532-1389

Informações e inscrições: www.ve.org.br

Fonte: Ateliê da Notícia

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