Editoria: Vininha F. Carvalho 25/10/2006
O turismo de negócios está em forte expansão no Brasil. Pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo, e divulgada pelo Ministério do Turismo, aponta que 29,1% dos 5,3 milhões de visitantes estrangeiros que estiveram em 2005 no país vieram exclusivamente a negócios. O número supera a marca de 28,7% dos 4,7 milhões de turistas que aqui desembarcaram com essa finalidade em 2004.
Pelo levantamento, o Sudeste, que é o principal pólo econômico brasileiro, foi a região mais procurada por 78,5% dos visitantes. Entre os principais destinos destacam-se os estados de São Paulo, com 59,9% dos turistas, e do Rio de Janeiro, com 23,7%.
As cinco cidades que receberam maior número de visitantes estrangeiros foram, respectivamente, São Paulo (49,4%), Rio de Janeiro (22,3%), Porto Alegre (8,2%), Curitiba (5,4%) e Belo Horizonte (4,1%).
Segundo o Ministério do Turismo, o aumento registrado deve-se à recuperação econômica e, principalmente, ao crescimento do volume das exportações. A notícia é altamente animadora. Mostra que o Brasil começa a apostar em uma nova vocação turística, que vai além de tradicionais cartões-postais como o Cristo Redentor.
Essa mudança pode ser comprovada, inclusive, por meio do ranking da Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA), que aponta que o país saltou da 21ª posição entre os destinos mais procurados para a realização de eventos internacionais, em 2002, para a 11ª colocação em 2005.
Toda essa movimentação se traduz, também, em um acréscimo do gasto per capita do turista que aqui vem a negócios. De acordo com a pesquisa da Fipe, o visitante estrangeiro gastava, em 2004, uma média de U$ 98 ao dia. Em 2005, esse valor subiu para U$ 112,3 diários. Outro dado que reforça essa tendência é o alto índice de satisfação desse visitante.
O levantamento indica que 85,3% dos turistas consideraram suas expectativas plenamente atendidas e, em alguns casos, até mesmo superadas, sendo que 97,9% disseram ter a intenção de retornar ao Brasil.
As estatísticas, favoráveis, servem como um aviso. É preciso atender cada vez melhor ao turista se quisermos atingir padrões de excelência. As cidades devem se preocupar com a infra-estrutura e logística voltada para o desenvolvimento do turismo de negócios. Um bom exemplo nesse sentido é o município de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, que serve como porta de entrada para os turistas estrangeiros que desembarcam no Aeroporto Internacional de Cumbica.
A proximidade com a cidade de São Paulo, que é o maior centro econômico do país, fez com que Guarulhos passasse por uma mudança radical nos últimos anos. Pela primeira vez em sua história, o município conta com uma rede hoteleira de alto padrão, que serve como opção para o visitante que chega ao Brasil.
A cidade também estimulou a organização dos traders (profissionais especializados em comércio exterior, que realizam a intermediação de negócios das empresas brasileiras com o mercado externo), fortaleceu as corporações ligadas ao setor, como o Guarulhos Convention e Visitors Bureau, e criou mecanismos destinados ao desenvolvimento sustentável, como o Conselho e a Conferência Municipal de Turismo, que envolvem o poder público, a iniciativa privada e a população na definição das prioridades para o segmento.
A presença do município em feiras nacionais e internacionais do setor, como as realizadas em Nova York, Chicago, Buenos Aires, Rio de Janeiro e Gramado, também mostra a preocupação da cidade com a melhoria do ramo turístico como um todo, tornando-a uma opção de destino para as viagens de negócios. Uma ação aparentemente simples, e que tem se mostrado bastante positiva, são os cursos gratuitos de capacitação em turismo destinados aos motoristas de táxi, que aprendem a recepcionar melhor o visitante.
Essas iniciativas servem para mostrar que todas as cidades devem explorar seu potencial turístico. Quanto mais elos, maior a corrente. No geral, campanhas de orientação e esclarecimento são um instrumento básico para convencer a população de que deve se preparar para receber o turista que vem ao país em busca de negócios ou a passeio. Turista bem tratado é visitante fidelizado. Com certeza, voltará. Mais do que servir para criar cartões-postais, o turismo de negócios significa a possibilidade de novos postos de trabalho, a melhoria da infra-estrutura local e a entrada de divisas para o município.
Adam Kubo-diretor do Guarulhos Convention e Visitors Bureau e do Departamento de Turismo de Guarulhos.