Editoria: Vininha F. Carvalho 05/12/2006
O filme norte-americano “Turistas”, rodado no Brasil, em que um grupo de jovens em férias acaba vítima de uma quadrilha de tráfico de órgãos na selva amazônica, estreou no dia 1º/12, sob duras críticas da imprensa dos Estados Unidos. Um dia antes (30/11), o protagonista, Josh Duhamel, em entrevista ao “The Tonight Show with Jay Leno”, talk show de grande audiência transmitido em cadeia nacional pela NBC, já havia pedido desculpas ao governo e ao povo brasileiro. O ator elogiou o País e afirmou que o filme não pretende dissuadir as pessoas de visitarem o Brasil.
Produção da Fox Atomic, braço dos estúdios Fox para um público entre 17 e 24 anos, “Turistas” não foi bem recebido pela crítica. Resenha da revista “Variety”, publicação de referência em cinema, destaca que o filme de horror dirigido por John Stockwell “é mais desagradável que assustador e tem um detestável americano como protagonista”. Diz ainda que é “um filme bobo para ser esquecido”.
Mesma linha segue a crítica do jornal “New York Times”. Diz que “esses estúpidos do horror” levariam chicotadas na prisão se a estupidez fosse crime. Já o “New York Daily Times”, que pede aos leitores para tomarem cuidado com a armadilha de “Turistas”, contextualiza que esta mais nova película de uma lista sem-fim de thrillers de jovens em perigo ao menos oferece a “vantagem visual de uma locação exótica e bela”. Antes mesmo do lançamento no país, “Turistas” também já repercute mal no Canadá. O jornal “Edmonton Sun” comenta que o filme é “surpreendentemente chato e turvo”.
A indústria do cinema tem observado um ressurgimento da popularidade dos filmes de horror nos últimos dois anos. “Turistas” é um entre diversos filmes de horror estreando nos Estados Unidos nos próximos 18 meses, podendo se passar em qualquer país que os norte-americanos considerassem exótico. O próprio roteirista, Michael Ross, em entrevista ao site “Dread Central” (www.dreadcentral.com), declarou que, originalmente, “Turistas” se passaria na Guatemala.
“O filme é uma obra de ficção e acreditamos que o expectador saberá diferenciar a realidade da ficção. A única coisa verdadeira que mostra são as belezas naturais do Brasil”, afirmou a presidente da EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), Jeanine Pires.
Plano para minimizar danos, o Ministério do Turismo, por meio da EMBRATUR, unidade responsável pela promoção do Destino Brasil no exterior, conta com um plano de ações de relações públicas para minimizar os possíveis efeitos negativos do filme à imagem do Brasil – em curso desde o dia 10 de novembro.
“Por meio de um programa chamado Monitor Brasil, que acompanha o que é publicado sobre o País na imprensa internacional, monitoramos diariamente a repercussão do filme nos Estados Unidos e já estamos trabalhando para reverter eventuais efeitos negativos”, explica Jeanine.
O Instituto planeja utilizar o filme como uma vantagem estratégica, transformando o lançamento em uma oportunidade para fazer uma aproximação com a mídia norte-americana e abordar o Brasil real, suas belezas e cultura.
O plano de ações, executado pela Olgilvy PR, parceira da agência de RP que atende o Instituto, inclui a divulgação, a diferentes públicos, de diversos destinos turísticos brasileiros, a começar pelos que são mostrados no filme, como Rio de Janeiro e Bahia.
Jeanine avalia que atacar o filme diretamente, pedir seu banimento, ou mesmo incentivar o boicote às salas de cinema, seria criar polêmica e, portanto, publicidade gratuita para o filme.
“Como órgão representante de uma Nação democrática, devemos respeitar a liberdade de expressão, mesmo quando se trata de um filme que apresenta uma imagem distorcida do País”, conclui.
A partir 2003, quando foi criado um ministério exclusivo para o Turismo, a EMBRATUR passou a ter seu foco unicamente direcionado para a promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, serviços e produtos turísticos brasileiros no exterior.
Desde então, trabalha pela consolidação do Brasil como destino turístico internacional competitivo. Tem como norteador de seus programas de ação o Plano Aquarela, Marketing Turístico Internacional, estudo realizado com mais de seis mil pessoas em 18 mercados que aponta a diversidade do patrimônio natural e a alegria do povo como os principais atributos do Brasil na visão do estrangeiro.
Entre as ações permanentes do Instituto estão o relacionamento com operadores de turismo e agentes de viagens nos mercados-prioritários, por meio de seus nove Escritórios Brasileiros de Turismo (EBTs).
Nos Estados Unidos, há um consultor dedicado exclusivamente ao trabalho na costa oeste, em Los Angeles, e outro à costa leste, em Nova York.
Eles se encarregam do contato com os profissionais de turismo, apoiando a comercialização dos destinos brasileiros por meio de ações cooperadas, como participação em feiras, realização de seminários e treinamentos pelo país.Esse é um dos trabalhos que está contribuindo para o aumento da entrada de turistas estrangeiros no Brasil e, por conseqüência, do gasto deles aqui.
Neste ano, espera-se que possa cheguar até a US$ 4,4 bilhões a receita gerada ao País pelos visitantes internacionais, recorde sobre os US$ 3,8 bilhões contabilizados em 2005, melhor ano até então.