Editoria: Vininha F. Carvalho 21/08/2006

O centro do Rio antigo tem uma vocação para a boêmia e é um dos lugares que melhor traduzem o espírito da cidade. A música brasileira é o grande atrativo. Nas diferentes casas de espetáculo, o turista pode conhecer o que há de melhor: do samba de raiz aos ritmos regionais.

Por causa deste diferencial, o pólo de Gastronomia, Cultura e Lazer, coordenado pelo Sebrae estadual, quer incluir a região como roteiro recomendando para os turistas nacionais e estrangeiros.

Essa proposta foi apresentada pelos representantes do pólo - técnicos do Sebrae, Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio) e empresários - durante a Assembléia da Brazilian Incoming Travel Organization (Bito) que é a Associação Brasileira do Turismo Receptivo Internacional. A segurança foi apontada como a principal preocupação.

"Uma boa amostra da cultura brasileira está reunida ali e é evidente que queremos vender o endereço para os turistas. O problema é que existe uma sensação de insegurança acentuada pela frágil iluminação do local. Por isso, por enquanto, organizamos apenas visitas em grupo que vão em transporte particular e sempre acompanhados por um guia especializado", ponderou a diretora-secretária da Bito, Vera Potter.

Os dados de uma pesquisa de 2004 realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em parceria com o Sebrae fluminense para avaliar o grau de satisfação e o perfil econômico dos freqüentadores, mostram que essa percepção é correta.

A segurança foi apontada como o maior problema por 38,3% dos 400 entrevistados. A pesquisa mostrou ainda que a grande maioria freqüenta o lugar por sugestão de amigos, mas os hotéis não costumam recomendar a região para os hóspedes.

Os representantes do pólo apresentaram projetos já em andamento para resolver este problema. Policiamento ostensivo e iluminação das fachadas e dos chamados corredores culturais, que ligam, por exemplo, os estacionamentos às casas de espetáculo e as ruas mais frequentadas, já foram aprovados pela prefeitura e começam a ser executados pela Light e Eletrobrás.

"Estamos investindo nessas soluções porque acreditamos no potencial da Lapa e de outros endereços como o Passeio Público e a Cinelândia. O turista quando viaja quer conhecer a história do lugar e o centro do Rio Antigo oferece isso. Música, gastronomia e a arquitetura colonial formam um conjunto único e o visitante pode ter uma boa idéia da nossa riqueza cultural", avalia a gestora do Pólo, Yamara Alfradique, do Sebrae no Rio de Janeiro.

A meta agora é acelerar essas iniciativas para que na próxima temporada de verão, o turista possa encontrar um cenário diferente. "A parceria com os órgãos públicos é um bom indicador do grau de comprometimento dos representantes do pólo para resolver os problemas mais graves", diz Vera Potter.

A expectativa dela é que a região apresente um "grau de requinte" para que o local seja recomendado naturalmente pelos agentes de viagem e hoteis, até porque, explica Vera Potter "eles assumem a responsabilidade da indicação. Mas até lá, ela defende a adoção de outras outras medidas.

"As casas poderiam investir, por exemplo, na contratação maior de seguranças particulares para diminuir essa sensação de insegurança. Gentilezas como acompanhar o turista até o táxi e o cuidado de anotar o número da placa do veículo, podem parecer providências simples, mas surtem um enorme efeito positivo para o turista."