Estudo inédito revela dimensão do turismo para economia brasileira

Editoria: Vininha F. Carvalho 31/01/2007

O Ministério do Turismo, por meio da EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgaram hoje (31/01), no Rio de Janeiro (RJ) os resultados do estudo "Economia do Turismo: Análise das Atividades Características de Turismo".

"Os R$ 31,1 bilhões que o turismo acrescentou de riqueza para o Brasil e os 5,4 milhões de postos ocupados, números consolidados de 2003, demonstram a importância da atividade para o desenvolvimento nacional. E, com o crescimento experimentado pela atividade desde então, que proporcionará números ainda mais expressivos, fica evidente que o Turismo é um dos grandes vetores de geração de renda, emprego e oportunidades para o povo brasileiro", interpreta o Ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia.

Feito pelo IBGE, em parceria com a EMBRATUR, o estudo, inédito, traz resultados relativos às atividades características do Turismo, a partir de informações da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Por requerer dados consolidados, o estudo foi todo subsidiado pelas pesquisas de 2003 do IBGE. Isso possibilitou o grau de análise e cruzamentos de informações resultantes nesta edição.

Para o diretor de Estudos e Pesquisas da EMBRATUR, José Francisco de Salles Lopes, a pesquisa marca uma nova fase e um salto de qualidade da estrutura de dados disponíveis da atividade turística: "O estudo agora colocado à disposição da sociedade brasileira é o primeiro instrumento que visa à criação de um sistema de estatísticas do turismo, a partir de dados extraídos das pesquisas do IBGE. É uma importante contribuição para a análise da economia do setor e um instrumento para elaboração da Conta Satélite do Turismo".

Os principais pontos podem ser consultados abaixo. Ou na íntegra, pela Internet, em www.turismo.gov.br/dadosefatos (área Conta Satélite) e www.ibge.gov.br.

Principais Resultados

As atividades relacionadas ao turismo geraram R$ 31,1 bilhões, ou 2,23% do valor adicionado da economia brasileira, em 2003 (R$ 1,3 trilhão).

Os serviços de alimentação destacaram-se com as maiores receita líquida, número de empresas e totais de pessoas ocupadas e salários e outras remunerações pagas. As empresas de pequeno porte predominaram nas atividades ligadas ao turismo (97,2%), embora tenham representado apenas 26,3% da receita.

Um total de 5,4 milhões de pessoas estiveram ocupadas nas atividades características do turismo, sendo que o perfil do trabalhador foi o seguinte: homem, empregado com carteira assinada e rendimento médio de R$ 662,00.

Em 2003, as famílias brasileiras gastaram 1,7% do total de seus orçamentos com viagens (R$ 17,096 bilhões). As residentes em São Paulo (27,8%), Minas Gerais (12,5%) e Rio de Janeiro (10,2%) foram responsáveis por 50,5% do total desse tipo de gasto.

Faturamento

A PAS estimou que em 2003 havia 352.224 empresas em atividades relacionadas ao setor do turismo, que representaram um valor bruto de produção de R$ 76 bilhões, ocupando mais de 2 milhões de pessoas, 2,5% do total de ocupados no país naquele ano, e totalizando salários da ordem de R$ 15,3 bilhões (3,3 % do total de remunerações).

Tais empresas geraram R$ 31,1 bilhões de valor adicionado, o que representou 2,2% do valor adicionado total da economia brasileira, que, em 2003, somou R$ 1,3 trilhão.

As maiores receitas operacionais líquidas do turismo em 2003 foram geradas pelos setores de alimentação (R$ 23,7 bilhões), transporte aéreo (R$ 18,6 bilhões) e auxiliar dos transportes (R$ 10,1 bilhões). Os segmentos de serviços de alimentação (287.021 empresas), alojamento (22.392) e transporte rodoviário (13.463) representaram 91,7 % do total das empresas em atividades relacionadas ao turismo. Alimentação destacou-se também no número de pessoas ocupadas (1,4 milhão) e no montante dos salários pagos (R$ 6,3 bilhões).

Do ponto de vista regional, São Paulo e Rio de Janeiro responderam em 2003 por 63,5% da receita bruta de serviços relacionados ao turismo, 48,4% do total de pessoal ocupado e 58,9% do total da massa de salários e outras remunerações.

Tamanho e representatividade das empresas

As empresas de pequeno porte (menos de 20 pessoas ocupadas) dominaram as atividades relacionadas ao turismo no Brasil, representando 97,2% desse universo - com destaque para o setor de alimentação (79,9% do total) -, mas foram responsáveis por apenas 26,3% da receita líquida estimada. As exceções aconteceram nas atividades desportivas e de lazer; alimentação e agências de viagens, nas quais as pequenas empresas representaram, respectivamente, 77,1%, 59,4% e 46,6% da receita operacional líquida gerada.

Nas empresas de pequeno porte, estiveram 60,6% das pessoas ocupadas em atividades ligadas ao turismo, também com destaque para o segmento de alimentação (49,1%). Esse grupo pagou R$ 5,5 bilhões em salários e outras remunerações, 35,8% do total do setor.

No outro extremo, foram estimadas 10.038 empresas de médio e grande porte (com ocupação por 20 ou mais pessoas) nas atividades ligadas ao turismo (2,8% do total), que tiveram R$ 56,0 bilhões de receita operacional líquida (73,7% do total estimado). Nesse grupo, o destaque foi o segmento de transporte aéreo, cuja receita (R$ 18,3 bilhões) representou 24,0% do total.

As médias e grandes empresas ligadas ao turismo também tiveram participação relevante na geração de emprego, sendo responsáveis pela ocupação de 824.062 pessoas, 39,4% do total. Nesse item, o destaque foi para o setor de alimentação, com 16,3% dos ocupados. As empresas de maior porte pagaram, em 2003, R$ 9,8 bilhões, 64,2% do total de salários e outras remunerações nas atividades ligadas ao turismo. Mais uma vez, o segmento de alimentação se destacou, com 15,0% do total pago (R$ 2,3 bilhões).

O conjunto de empresas com atividades relacionadas ao turismo ocupou, em média, seis pessoas por empresa, resultado determinado principalmente pelo segmento de alimentação (média de cinco pessoas ocupadas por empresa). A receita operacional líquida média por empresa foi de R$ 216 mil, com destaque para os segmentos de transporte aéreo (R$ 64,4 milhões) e aquaviário (R$ 41,7 milhões), bem acima da média.

Remuneração por segmentos

Esses mesmos segmentos, por utilizarem uma mão-de-obra com elevado grau de qualificação e apresentarem um porte bastante superior à média, registraram remunerações médias mensais de R$ 4.135 (aquaviário) e R$ 2.736 (aéreo), muito acima da média geral do setor de turismo (cerca de R$ 500). Por sua vez, as empresas do segmento de alojamento e alimentação tiveram os menores valores de remuneração média: R$ 551 e R$ 355 respectivamente. Em decorrência do expressivo número de pessoas ocupadas, esses segmentos influenciaram significativamente a remuneração média do total das atividades ligadas ao turismo.

Transporte

Os ganhos com transporte de passageiros representaram, em 2003, 83,14% (R$ 15,4 bilhões) da receita operacional líquida das empresas de transporte aéreo. As passagens também concentraram quase toda a receita das empresas de transporte rodoviário (95,53% ou R$ 8,1 bilhões), mas, no que diz respeito ao transporte aquaviário, a proporção foi de apenas 4,71% do total (R$ 255,1 milhões).

Perfil do trabalhador e ocupação no turismo

De acordo com a PNAD 2003, o perfil do trabalhador nas atividades características de turismo foi a o seguinte: homem, empregado com carteira assinada e rendimento médio de R$ 662,00. A PNAD estimou que 5,4 milhões de pessoas estavam ocupadas nas atividades relacionadas ao turismo, em qualquer tipo de estabelecimento, com registro formal ou não (6,7% do total de 80,2 milhões de ocupados em 2003). Os homens representavam 63,6% desse grupo; e as mulheres, 36,4%.

Em relação à educação, a pesquisa revelou que 31,29% dos ocupados tinham entre quatro e sete anos de estudo. A maioria dos ocupados em atividades relacionadas ao turismo (58,8%) era de empregados, 29,7% trabalhavam por conta própria, 6% eram não-remunerados e 5,7%, empregadores. A PNAD revelou ainda expressiva parcela de participação de empregados sem carteira assinada nas atividades relacionadas a turismo, tanto para os homens (36,5%), quanto para as mulheres (40%). O rendimento médio mensal nesse setor correspondeu a R$ 577, sendo R$ 662 para os homens e R$ 427 para as mulheres.

Gastos familiares

Segundo a POF 2002/2003, o valor total de despesas com viagens, R$ 17,096 bilhões, representou 1,7% dos gastos das famílias brasileiras naquele período.
A POF aponta a participação expressiva de três produtos na estrutura de gastos em viagens não-rotineiras (viagens de turismo): combustível de veículo, alimentação e passagens de ônibus intermunicipal, que, em conjunto, totalizaram R$ 9,670 bilhões e representaram 56,6% do gasto total.

Em relação à participação das Unidades da Federação no total de gastos com viagens não-rotineiras no Brasil, destacaram-se os estados de São Paulo (27,8%), Minas Gerais (12,5%) e Rio de Janeiro (10,2%), responsáveis por 50,5% do total desse tipo de gasto.

Fonte: Embratur

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