Turismo religioso cresce no Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 23/05/2007

Os efeitos da visita do papa Bento 16 ao Brasil teve impacto direto no turismo religioso do Brasil. O setor não fala em números, mas, segundo a avaliação de especialistas, a estimativa de pessoas participaram do evento, feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é um bom indicativo de que há motivos para comemoração.

Segundo informações da CNBB, são esperadas, durante a visita do papa, 1 milhão de pessoas no Campo de Marte, em São Paulo, 35 mil jovens (vindos de 270 dioceses de todo o País) e 500 mil pessoas em Aparecida do Norte, interior de São Paulo, onde será realizada a V Conferência do Episcopado Latino-americano e caribenho.

“A busca por uma religiosidade é uma questão cada vez mais presente no mundo moderno. Quanto mais as pessoas se sentem perdidas, mais elas se apegam à religião. Geralmente, acontecimentos pontuais fazem com que as pessoas se aproximem mais da religião”, diz Samira Osman, professora de turismo do Centro Universitário Senac, em São Paulo.

Pesquisa feita pelo Ministério do Turismo, em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em 2006, mostra que vem crescendo o número de turistas que se deslocam no País com motivação religiosa. Segundo dados da pesquisa, 3,2% do total de turistas viajaram, em 2006, por motivos religiosos; em 1998, esse percentual era de 2,7%.

O setor, no entanto, ainda precisa ser profissionalizado. “A organização do turismo religioso é algo recente e, mais recente ainda, é a sua profissionalização. O Ministério do Turismo tem só quatro anos”, explica Priscila Izawa, coordenadora da área de turismo do Centro Universitário.

Dados escassos

O mercado de turismo religioso se ressente também da ausência de dados. Sabe-se apenas que 0,4% dos estrangeiros, que visitaram o Brasil em 2006, apontaram a religião como principal motivo da viagem, de acordo com a Embratur. Outra informação conhecida é que esse gênero de turismo é mais forte no Nordeste, onde é o segundo tipo de pacote mais comercializado pelas operadoras, perdendo apenas para pacotes de praia.

O esperado crescimento das viagens religiosas no País dá fôlego novo a diversos setores econômicos. “A movimentação é a mais ampla possível. Não somente setores diretamente ligados ao turismo, como hospedagem, alimentação e agências especializadas, mas também setores ligados ao consumo, como artesanato, imagens de santinhos e camisetas, devem se beneficiar”, afirma Samira.

Alguns indicadores mostram que a visita do papa já começa a movimentar a economia. Um CD especial em homenagem à visita do pontífice foi gravado e o título já é disco de ouro. Moedas especiais confeccionadas em razão do evento, vendidas entre R$ 75 e R$ 300, estão esgotadas.

O efeito deve se espalhar por todas as cidades que serão visitadas pelo líder máximo da Igreja Católica, principalmente Aparecida e Guaratinguetá, no interior de São Paulo.

Apesar de ter apenas 36.129 habitantes, Aparecida é o maior pólo de turismo religioso do País e atrai cerca de oito milhões de romeiros todos os anos. Segundo dados do Ministério do Turismo, os pontos mais procurados no País para o turismo religioso são, além de Aparecida do Norte (SP), Nova Trento (SC), Nova Jerusalém (PE), Belém (PA) e Juazeiro do Norte (CE).

Com a visita do papa, apenas entre os dias 9 e 13 de maio, este número deve chegar, segundo estimativa da CNBB, a 500 mil pessoas em Aparecida. A prefeitura da cidade está construindo um palco especial, com altar de 5,5 metros de altura e 800 metros quadrados, para celebrar uma missa, cujo valor dos preparativos é estimado em R$ 900 mil.

Em São Paulo, que também terá missa campal com o pontífice, os valores dos preparativos não foram divulgados. Em fevereiro deste ano, o governo do Estado e a Prefeitura da capital exibiram os palcos que serão utilizados pelo papa na missa no Campo de Marte, no dia 11 de maio, e no encontro com os jovens no Pacaembu, no dia 10 de maio.

A região do Vale de Paraíba, começa a formar um pólo religioso, junto com Cachoeira Paulista, sede da organização católica Canção Nova. Para atrair ainda mais turistas, a região tem procurado realizar atividades, além de cultos e missas. “Aparecida tem tentado desenvolver outras atividades para atender os turistas. Há, por exemplo, um aquário e um parque de diversões para tentar garantir a permanência do turista por mais tempo”, diz Priscila Izawa.

Fonte: Último Segundo