Reflexões sobre a expansão hoteleira no Brasil

Editoria: Vininha F. Carvalho 06/08/2007

Interessante como uma boa reflexão pode nos levar a compreender o futuro que nos espera.Afinal, grandes investidores têm em comum a capacidade de refletir, avaliar, ponderar sobre o passado recente para, de uma maneira arrojada, porém profissional e quase sempre certeira, direcionar suas ações nos mercados de risco futuros. Qual o objetivo ? Bons resultados, é claro. E, esse tipo de reflexão vale para todos os setores de nossas vidas, profissional, político, pessoal, artístico etc.

Se bem me lembro, quando ainda engatinhava pela Indústria da Hospitalidade e do Turismo, jovem e cheio de vontade em desbravar esses novos e desconhecidos caminhos (para nós brasileiros), um sábio e visionário senhor Suíço me chamou para um « bate-papo » (para mim a mais importante aula para meu futuro profissional).

Sempre que me chamava, eu o atendia o mais rápidamente possivel, pois sempre saía dessas nossas prosas enriquecido com conhecimentos importantes, profissionais, pessoais, enfim, de relações humanas. É incrível o talento humano ! Cada um tem o seu embora, muitas vezes, morremos sem sabê-lo.

O desse senhor era mostrar, de uma maneira simples, o futuro que teríamos pela frente. Uma maneira tão simples que nunca insistia em provar suas teorias mas, apenas continuava a comentá-las, àqueles que desavisada e inconscientemente sempre nele acreditaram. Como é saudável ser um ouvinte aberto a novas informações.

Assim, a conversa, regada por taças e mais taças de Fendant, em um ambiente pitoresco, com frio e muita neve no exterior, em meio aos Alpes, mas dentro, um calor de fazer transpirar………idéias.

Este senhor me chamara naquele mês de fevereiro de 1982, para me dizer que o Brasil estava prestes a receber centenas de hotéis internacionais e que o nosso turismo iria finalmente deslanchar. Eu o escutava atentamente pois o admirava muito, mas, bem no fundo eu tinha muitas dúvidas, afinal eu era brasileiro e ele não. Eu vivia nesse futuro Shangrilá do turismo, ele não. Eu sabia como as coisas eram aqui, ele não.

Mas nunca manifestei esses pensamentos. Ele, por sua vez, percebeu que eu tinha tais dúvidas e que humildemente e por respeito, não as mencionava. Mais algumas horas de « bate-papo » e Fendant, ele me fez entender o seguinte : as grandes redes hoteleiras internacionais estavam, naquele momento, em seu auge de investimentos no sudeste asiático e, em breve, seguiriam para outro destino para depositar bilhões e bilhões em investimentos.

Restavam dois continentes a serem beneficiados com esses investimentos, que ainda eram muito pobres e carentes em infra-estrutura hoteleira : América do Sul e África. Claro, que a América do Sul apresentava inumeras vantagens naquele momento sobre a África, por isso, ele já sabia, o destino seria tupiniquim.

O importante dessa nossa prosa foi entender que as grandes redes internacionais são, na maioria das vezes, impulsionadoras do turismo. É fácil de perceber que depois dos grandes hotéis, começaram a chegar inúmeras escolas de formação profissional, muitas aprimoraram seus programas, investimentos governamentais e privados começaram a ser feitos em grande escala, etc.

Aproveitando desse aprendizado e, refletindo sobre o passado recente, como é possível alguém duvidar do grande crescimento do nosso turismo ?

E se dependermos do pensamento e informação daqueles hoje, bem interados, veremos que o Sr. Jean-Claude Baumgarten, presidente do WTTC – World Travel and Tourism Council, quando fala sobre uma fase de crescimento nunca vista no turismo mundial, transmite sua preocupação que em dois anos, a infra-estrutura mundial talvez não consiga acompanhar esse crescimento.

Mais uma vez, será que vamos continuar no caminho lento, sem investimentos necessários, em busca do desenvolvimento de nosso turismo? Como é possivel alguém duvidar do grande crescimento desse fantástico setor?

Fonte: Dorival Pinotti - Consultor e Diretor de Admissões Les Roches e Glion para a America Latina