Pará tem apoio da França para debater a economia florestal

Editoria: Vininha F. Carvalho 07/05/2008

A Embaixada do Brasil na França vai apoiar o Governo do Pará na organização de um seminário para discutir com lideranças francesas a pauta ambiental do estado. A realização do seminário foi proposta pelo embaixador José Maurício Bustani, durante visita da governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, à Embaixada, na sexta-feira (2/5).

A data do seminário ainda será definida, mas poderá ser no mês de novembro. O evento será elaborado em conjunto com a Embaixada Brasileira, devendo reunir empresários, organizações sociais e instituições de pesquisa, dentre outros.

A visita à França integra o trabalho do governo paraense, que visa o fortalecimento da agenda internacional, pautada pela busca de apoio aos projetos de desenvolvimento do estado. A viagem européia incluiu dois dias em Londres, onde a governadora se reuniu com lideranças da Amazônia, entre as quais os governadores José de Anchieta Júnior (de Roraima) e Waldez Góes (do Amapá), e executivos das ONGs do príncipe Charles, que convidou Ana Júlia Carepa para a estada na capital inglesa. Segundo a governadora, o príncipe Charles considerou uma visita ao Pará ainda este ano.

O embaixador Bustani disse que, além do Reino Unido e da França, os temas relacionados à Amazônia encontram receptividade em países como Alemanha, Holanda, Suécia, Noruega e Dinamarca. Segundo ele, o Pará pode buscar o apoio desses países para suas iniciativas voltadas ao meio ambiente.

Ana Júlia Carepa enfatizou que o Pará quer implantar uma economia florestal sustentável, com base no reflorestamento, cujo programa está sendo concluído, e na recomposição florestal. “Só vamos conseguir combater o desmatamento se oferecermos uma opção tão atraente quanto a oferecida pela atividade madeireira, sobretudo a ilegal, que hoje remunera em cerca de 240 mil dólares por quilômetro quadrado”, enfatizou a governadora.

A produtividade da floresta plantada na Amazônia é dez vezes superior à do Canadá, por exemplo, grande produtor de madeira do mundo. Além do programa de reflorestamento e recomposição florestal de áreas degradadas de Reserva Legal e Área de Proteção Permanente (APP), também com finalidade econômica, a governadora propôs na reunião de Londres subsidiar preços de produtos não-madeireiros, como óleos essenciais, fibras e frutas, uma estratégia para manter a floresta em pé.

Para obter recursos, a proposta da governadora é taxar as transações do mercado financeiro internacional (bolsas, câmbios, ações) em um percentual ínfimo, já que a atividade movimenta trilhões de dólares por dia, e com isso criar um fundo mundial para financiar as florestas tropicais do mundo. “Seria um mecanismo para remunerar pelos serviços ambientais que essas florestas prestam à humanidade”, enfatizou.

Defensora da proposta, Ana Júlia Carepa afirma que quem pressiona os recursos naturais é o consumo, não a pobreza. “Nada mais justo que taxar o capital, que é quem paga e tem dinheiro para pagar”, reiterou.

A proposta de financiamento das chamadas commodities florestais ainda requer uma ampla discussão política, iniciada pela governadora paraense. Ela confirmou ao embaixador Bustani que pretende tratar do assunto nos próximos dias com o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, já que o assunto requer uma engenharia financeira.



Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada