Brasileiro percorre a legendária rota do Expresso do Oriente entre Paris e Istambul de bicicleta

Editoria: Vininha F. Carvalho 23/06/2008

O Expresso do Oriente é o tema da mais nova empreitada do aventureiro multimídia José Antônio Ramalho. Entre os dias 15 de junho e 29 de julho, ele cruzará a Europa de bicicleta, usando como referência uma das rotas do famoso serviço de trens. Em 45 dias, ele irá pedalar 3.300 km entre Paris, na França, e Istambul, na Turquia.

Esta é a quinta travessia de Ramalho sobre duas rodas. Jornalista, escritor e fotógrafo, ele iniciou suas aventuras em 2002, num bimotor. Trocando as asas pelas rodas, em 2005 ele fez o Caminho de Santiago de bicicleta. E não parou mais de pedalar pelo mundo.

“A bicicleta permite ver o mundo num ritmo que é só seu. Nenhum outro meio de transporte permite ao turista chegar em um local e ser tão bem recebido como acontece quando se chega de bicicleta”, afirma.

Na rota do Expresso do Oriente, Ramalho passará por oito países: França, Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Sérvia, Bulgária e Turquia. “A riqueza cultural desses países será matéria-prima para muitas fotos e memórias”, prevê o escritor. Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, poderá acompanhar tudo isso em tempo real.

Tão apaixonado por tecnologia como é pela bicicleta, Ramalho manterá um blog ( www.expressodoorientedebike.blogspot.com) durante toda a viagem, que será atualizado em suas paradas de descanso.

Combinar bytes e aventura não é algo novo para Ramalho. Em sua primeira empreitada sobre duas rodas, ele carregou 12 kg de equipamentos. Agora, graças ao aprimoramento da tecnologia móvel, serão apenas 2,5 kg.

O kit tecnológico de Ramalho inclui o notebook ultraportátil Mobo, recém-lançado pela Positivo Informática, com apenas 1,1 kg; a câmera fotográfica Olympus SP 560UZ e o smartphone Motorola MotoQ, com módulo de GPS.

Nas suas paradas e à noite, ele utilizará o Mobo para escrever o diário da viagem, fazer a atualização do blog e escrever suas matérias para jornais e revistas e para o próprio livro sobre a aventura.

As fotos tiradas com a câmera fotográfica digital, que possui um super zoom de 18 vezes – equivalente ao de uma câmera convencional com lentes de 27-480 mm, serão gravadas em cartões de memória da Kingston modelos SD com 8 e 16 Gbytes. Ao todo, será possível armazenar 40 Gbytes em imagens.

Ramalho irá utilizar o smartphone como um GPS nos seus deslocamentos entre as cidades européias e também para localizar pontos de interesse em cada uma delas. O MotoQ também será usado para receber e-mails urgentes e atualizar o blog. Com apenas três cliques, ele conseguirá tirar uma foto com o celular e enviar para o diário digital.

O roaming internacional de dados e voz, possível graças à uma parceria com a TIM, permitirá o acesso à internet em todo o trajeto. Toda essa tecnologia embarcada será transportada numa bicicleta Scott modelo FX-15, com suspensão dianteira e traseira e cambio Shimano de 27 velocidades.

A vida começa aos 40:

Quem acompanha apenas a trajetória profissional de Ramalho, dificilmente imaginaria que ele teria tempo para desafios ciclísticos. Um dos mais versáteis escritores brasileiros, ele já publicou 105 livros sobre tecnologia, mitologia, fotografia e mountain bike, vários deles traduzidos para inglês, espanhol, chinês, indonésio e polonês. Na imprensa, trabalha como colunista e colaborador nos jornais “Folha de S. Paulo” e Estado de Minas” e nas revistas “Caminhos da Terra” e “UM – Universo Masculino”, entre outros veículos.

Sempre envolvido em muitas atividades profissionais, quando entrou na faculdade Ramalho foi obrigado a se distanciar de duas paixões: os aviões e as bicicletas. Muito tempo depois, com 41 anos, decidiu concretizar seu sonho de voar e embarcou em sua primeira aventura, que batizou de “Volta das Américas”. Em 2000, em um bimotor, voou de São Paulo até o Alasca e, de lá, até Ushuaia, na Patagônia argentina.

A experiência mudou a vida de Ramalho. Contaminado de forma irreversível pelo espírito aventureiro, ele já desembarcou do bimotor planejando outras epopéias aéreas e decidiu retomar as pedaladas para melhorar o condicionamento físico e a qualidade de vida. A bicicleta voltou a fazer parte do seu dia-a-dia e Ramalho percebeu que poderia ser o meio de transporte ideal para novas empreitadas.

Retratada no livro fotográfico “Santiago de Compostela – Uma viagem aos Sentidos”, a primeira aventura de Ramalho sobre duas rodas aconteceu em 2005. O trajeto de cerca de 1.100 km entre França e Espanha foram percorridos em 15 dias. No ano seguinte, ele fez dois trajetos. No primeiro, cruzou a América do Sul pelos Andes, do Pacífico ao Atlântico, pedalando 1.087 km na Patagônia. Deixando o frio de lado, meses depois embarcou para o Marrocos, onde fez a travessia de 450 km na cordilheira do Atlas, enfrentando um calor tórrido, com temperaturas que chegaram a 47º C.

No ano passado, Ramalho se tornou o primeiro brasileiro a alcançar o acampamento da base do monte Everest. Na travessia do Himalaia, ele pedalou 1.070 km entre Lhasa, no Tibete, e Katmandu, no Nepal, em altitudes que variaram de 3.600 m a 5.300 m. Depois dessa maratona ciclística nas alturas, Ramalho está mais do que preparado para enfrentar o desafio de cruzar a Europa, seguindo uma das rotas do Expresso Oriente.

Um mito sobre trilhos:

Em 1883, o empresário belga Georges Nagelmackers criou aquele que seria um dos mais emblemáticos serviços de trem da história. Com carros de luxo, o Orient Express foi o símbolo de glamour da sociedade na Europa. Primeira linha transcontinental européia, o Expresso do Oriente percorria aproximadamente 2.740 km entre Paris, na França, e Constantinopla (atual Istambul), na Turquia.

Sobrevivendo a duas guerras mundiais, o Expresso do Oriente teve pelo menos cinco rotas entre 1883 e 1930. Eram trajetos desafiantes para a companhia de trem, que precisava se ajustar a condições climáticas nem sempre favoráveis e também aos conflitos políticos da região.

Até hoje, é possível fazer o trajeto entre Paris e Istambul de trem, usando diferentes companhias ferroviárias. O serviço Expresso do Oriente, porém, foi cancelado em 1977. Nos anos seguintes, o britânico James Sherwood investiu cerca de US$ 16 milhões para adquirir e reformar vagões da antiga linha. Em 1982, lançou a viagem de luxo Venice Simplon Orient Express entre Londres, no Reino Unido, e Veneza, na Itália.

Esses vagões continuam em operação na Europa, operados pela empresa Orient-Express Hotels, Trains & Cruises. A bordo deles, é possível reviver o clima de sofisticação e mistério do Orient Express original, retratado em obras como “Assassinato no Expresso Oriente”, de Agatha Christie (transformado em filme pelo diretor Sidney Lumet, em 1974), “O Expresso do Oriente”, de Graham Greene, e filmes como “Moscou contra 007” e “A Volta ao Mundo em 80 Dias”.



Fonte: Rosa Arrais Assessoria

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