Editoria: Vininha F. Carvalho 31/10/2008
Outubro e novembro são meses especiais para a cadeia do turismo. Nesse período, os principais destinos do País vivem o importante momento que antecede o verão, quando o movimento de consultas e reservas junto a hotéis e pousadas, entre outros, começa a apontar como serão os negócios do setor na melhor temporada do ano.
Normalmente, no fim de outubro, o número de consultas a sites de hotéis, pousadas e serviços de turismo aumenta, refletindo o interesse e planejamento dos veranistas. Confirmações de reservas costumam ocorrer neste período, tanto por parte dos turistas brasileiros quanto dos estrangeiros.
Devido aos efeitos da crise financeira mundial e, em especial, à valorização do dólar e do euro em relação ao real, esse movimento está atípico este ano. A expectativa do setor é de que a alta das duas moedas vá transformar o verão 2009 em grande temporada do turismo interno. Viajar ao exterior ficou mais caro e a alternativa são os destinos nacionais.
Em alguns empreendimentos, essa tendência está começando a ser percebida pelos empresários. Por enquanto, o número de consultas aos sites do setor do turismo continua alto, mas a concretização das reservas ainda está baixa. Algumas pousadas do Nordeste estão recebendo menos demanda, especialmente de turistas europeus.
Outra tendência para o próximo verão está no fato de que as reservas em hotéis e pousadas voltados aos públicos de classe média estão se mostrando estáveis, como no ano passado. Em termos gerais, o verão 2009 continua sendo uma incógnita para empreendedores, empresários e profissionais do setor.
Porto de Galinhas:
Segundo o ranking da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), os destinos turísticos mais visitados no País são Porto Seguro (BA), Fortaleza (CE), Natal (RN), Maceió (AL), Porto de Galinhas (PE), Costa do Sauípe (BA) Salvador (BA), no Nordeste, e Rio de Janeiro (RJ) e cidades históricas mineiras no Sudeste.
Em Porto de Galinhas, praia situada a 60 km de Recife (PE), hotéis, pousadas e serviços de turismo estão em compasso de espera. O verão 2009 é, ainda, um mistério. “Nossa ocupação está boa, desde o início do ano”, afirma Luiz Claudio Araújo, gerente de hospedagem do Hotel Village Porto de Galinhas. As reservas para o verão estão no mesmo patamar do ano passado, segundo ele. Esse hotel possui classificação quatro estrelas e também atende turistas conveniados em consórcios de viagens.
Nas altas temporadas, o Village Porto de Galinhas recebe entre 450 a 500 hóspedes por dia. A expectativa é de no próximo verão este número cresça em cerca de 15% devido à ampliação do empreendimento, que contará com mais 40 apartamentos.
“Este outubro, em termos de consultas em nosso site, está mais interessante do que no ano passado”, afirma Michel Russi, diretor da Aicá Diving, empresa especializada em mergulhos em Porto de Galinhas. “Nosso segmento não trabalha com muita antecedência”, explica o empresário suíço, radicado no País há 12 anos.
“Acredito que o dólar vai baixar, e não ficar como está”, diz ele. A alta da moeda norte-americana compromete a compra dos equipamentos utilizados nos mergulhos. “Acho que o dólar vai ficar em torno de R$2,10”, torce Michel. Essa taxa seria a ideal, segundo ele.
O perfil do turista que vai a Porto de Galinhas está mudando para mais popular, nos últimos três anos, de acordo com Michel. A grande informalidade nos serviços é uma das grandes dificuldades para melhorar a estrutura do turismo na praia pernambucana e atrair público com maior poder aquisitivo.
Para Josilene Pinto e Silva, diretora da Pé no Mangue Ecoturismo, a expectativa para o verão não é boa. “No fim de outubro passado, o movimento de consultas estava melhor”, diz ela. A alta do dólar é responsável pela desistência dos turistas estrangeiros de vir ao Brasil, por causa do preço das passagens aéreas, avalia a empresária.
Portugueses e argentinos são os principais clientes da Pé no Mangue. Turistas brasileiros deverão compensar a ausência dos estrangeiros, avalia Josilene.
Tiradentes:
Na história cidade mineira de Tiradentes, o movimento do turismo nos próximos meses não desperta insegurança. A crise financeira internacional parece gerar boas expectativas locais. “Tenho a impressão de que o fluxo de turistas será bem maior do que no ano passado”, prevê Sebastião Machado Gomes, secretário municipal de turismo, mais conhecido como Jacó. “Esperamos os visitantes com uma programação grande e especial, a partir de novembro”, adianta.
No Natal, haverá eventos na praça principal da cidade e montagem de presépios diferentes. O revéillon terá muita música e fogos de artifício. Na segunda quinzena de janeiro, será realizada a 2ª Mostra de Cinema de Tiradentes. E no carnaval, além do desfiles dos blocos tradicionais, as ruas da cidade serão cenário para dois bailes: um de máscaras, e outro, de batalha de confetes.
“O movimento de turistas não pára de crescer em Tiradentes. No fim de julho, foram vendidas 38 mil passagens no trem Maria Fumaça”, comemora Jacó. Esse número significa que cerca de 45 mil turistas visitaram a cidade e participaram da programa Julho Cultural, diz ele. No momento, em plena baixa temporada, os hotéis e pousadas estão totalmente ocupados, informa o secretário municipal de turismo.
Rio Grande do Norte:
A ecológica Pousada Mirante de Pipa, situada na bela Praia de Pipa, no município de Tibau do Sul, localizado a 85 km de Natal (RN), é um dos empreendimentos mais freqüentados por europeus nos verões do litoral potiguar. Pipa é considerada uma praia paradisíaca, com trechos de Mata Atlântica recuperados e preservados, e mar com ondas tranqüilas, golfinhos, bom para nadar, aprender a surfar e pescar.
“Os acessos de europeus diminuíram bastante. No ano passado, nessa época, recebíamos 4 mil consultas diárias. Este ano, estamos com 3 mil consultas por dia”, explica Gisela Uren, uma das proprietárias da Pousada Mirante de Pipa. Esse número significa que, até o momento, o movimento de estrangeiros interessados em curtir o verão em Pipa caiu 25% em relação a 2007. Estrangeiros que vierem serão aqueles que não sentiram os efeitos da crise financeira internacional, segundo ela.
A alta dos preços das passagens aéreas é apontada por Gisela como o grande gargalo, que poderá dificultar a chegada de turistas brasileiros às praias do Rio Grande do Norte. “Há poucas promoções de vôo para Natal”, lamenta.
A empresária afirma que é melhor chegar ao Rio Grande do Norte via Aeroporto de Recife, cuja capacidade de receber aeronaves aumentou em 30%, enquanto o de Natal perdeu 30% dos vôos, em relação ao ano passado. “A diferença de preço entre a passagem aérea para Recife e Natal é muito grande”, enfatiza. Vale a pena desembarcar em Recife e chegar às praias do Rio Grande do Norte de carro ou outro transporte terrestre, recomenda.