Minas Gerais prepara jovens para gestão sustentável da água

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/03/2009

Essencial para a manutenção da vida no planeta, a água é um recurso finito e escasso. Componente bioquímico dos seres vivos e elemento presente em todas as etapas da evolução da civilização humana, a água compõe 70% da Terra. Apenas 3% são de água doce e, desse total, 12% estão no Brasil. A agricultura é o maior consumidor da água doce: 70% da água doce são usados para irrigação.

O 3º Relatório das Nações Unidas sobre a Água no Mundo, divulgado no último dia 16 de março, mostra que a disputa por água cresce em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a água é um dos investimentos mais rentáveis, os retornos variam entre 3 a 34 vezes o valor investido, dependendo da região e da tecnologia.

É pensando nesses desafios que a secretarias estaduais de educação estão implementando o projeto Caminho das Águas, um projeto que tem por objetivo formar as novas gerações para a gestão sustentável dos recursos hídricos.

O Caminho das Águas é uma iniciativa da Agência Nacional das Águas e da Fundação Roberto Marinho, destinada ao ensino fundamental (do 6º ao 9º ano). Em sua abrangência inicial, o projeto pode ser desenvolvido em escolas da rede pública inseridas nas regiões das bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, São Francisco, Doce e Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

“O projeto inclui a formação de professores sobre gestão descentralizada e participativa da água e a distribuição de materiais pedagógicos para subsidiar o trabalho em sala de aula, como vídeos, cadernos de orientação para professores e mapas”, explica Andrea Margit, gerente de Meio Ambiente da Fundação Roberto Marinho.

Em Minas Gerais, o Caminho das Águas foi implementado em 2008, alcançando 410 escolas públicas do estado. O projeto foi adotado graças à preocupação da Secretaria de Educação com um modo de vida sustentável. Ao todo, 140 mil alunos do ensino fundamental, em 129 municípios do estado, foram beneficiados pelo projeto e 820 educadores participaram do processo de formação realizado pela Fundação Roberto Marinho.

“Projetos como este despertam a nossa atenção por melhorarem a qualidade do ensino. Nosso estado merecia esse presente”, afirma Soraya Hissa Hojrom de Siqueira, coordenadora do projeto na Secretaria.

Lá, o controle do trabalho realizado nas escolas é feito por meio de relatórios, que são entregues pelas escolas ao fim de cada semestre. “Eles servem para fazermos uma avaliação do trabalho que tem sido realizado e recebermos sugestões e pedidos feitos pelas equipes das escolas”, complementa Soraya.

O relatório consiste num questionário bastante amplo, que envolve também um compilado de informações sobre os trabalhos desenvolvidos pelos alunos. “Essa parte serve para nos mostrar que eles também estão participando do projeto, colocando a mão na massa mesmo. É importante para nós sabermos que estamos alcançando o nosso objetivo final, que são os alunos”.

A formação dos professores foi em cima do material fornecido pela Fundação Roberto Marinho e aconteceu durante dois dias inteiros. A ideia era que eles entendessem como funciona a metodologia do projeto e depois repassassem o conteúdo para os outros professores.

“A formação foi um processo mais prático do que teórico e os professores perceberam como poderiam aplicar o projeto nas salas de aula”, diz Soraya.

A aplicação do projeto no dia-a-dia fica a critério de cada escola. Há aquelas que o utilizam de forma interdisciplinar, outras que realizam atividades pontuais e, ainda, as que extrapolam as salas de aula e envolvem também toda a comunidade.

“Demos autonomia para as escolas e professores para que eles pensem num cronograma de atividades de acordo com a realidade de cada local. Achamos que essa estratégia melhoraria ainda mais os resultados do projeto e deu certo. Surgiram diversas ações interessantes, já estamos estudando a viabilidade de dar continuidade ao projeto este ano e ampliar o número de escolas participantes”, comemora Soraya.

O Caminho das Águas também foi implementado em Sergipe e deverá chegar em breve a escolas do Espírito Santo e Rio de Janeiro. A Fundação Roberto Marinho e a Agência Nacional de Águas ainda buscam desenvolver o projeto nos estados da Bahia e Pernambuco. Mais informações:

Fonte: Janaina Soares - Aproach