Chico Mendes e Pacífico colocam Acre na rota de turistas

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/07/2009

Ecologia, gastronomia, história, comércio. Três rotas diversificam o turismo na região do Vale do Acre e atraem visitantes de outros estados. ‘Caminho de Chico Mendes’, ‘Caminho da Revolução’ e ‘Caminho do Pacífico’ são as mais novas rotas que vêm chamando a atenção de turistas da região amazônica e de estrangeiros, desde sua elaboração em 2005.

Os roteiros foram apresentados durante o Salão de Turismo, em São Paulo, de 1º a 5 de julho. As ações desenvolvidas nas rotas em benefício do turismo local ocorrem por meio de parceria do Sebrae no Acre, Secretaria de Turismo do Estado e as prefeituras dos municípios que integram as rotas do Vale.

Segundo Elton Pandoja, gestor de turismo do Sebrae/AC, o fluxo turístico mais intenso no Vale começou em 2007, como resultado de iniciativas desenvolvidas pelos parceiros.

“O projeto é composto de capacitações e consultorias para quem já empreende na região ou pensa em empreender”, explica Pandoja.

Por meio de parceria com o Serviço Brasileiro de Aprendizagem Comercial (Senac), o Sebrae/AC promoveu capacitações para formação da mão-de-obra de hotéis, agências de viagem e restaurantes. Com os empresários e empreendedores, o projeto enfatizou aspectos como a importância de uma gestão adequada e empreendedora.

“O turismo no Acre é muito recente. Estamos a cada dia preparando e sensibilizando a rede turística local para o atendimento aos visitantes”, enfatiza o gestor.

O Vale do Acre atrai muitos moradores de Estados próximos, como Rondônia. O turismo de negócios leva à capital Rio Branco e região visitantes de Estados de todo o Brasil. O Acre ainda recebe turistas dos países fronteiriços Bolívia e Peru, que chegam principalmente para prestigiar festivais gastronômicos. Os parceiros do projeto divulgam eventos da culinária local por meio de emissoras de rádio e outdoors nas cidades estrangeiras com as quais o Estado faz fronteira.

Chico Mendes:

Conhecido internacionalmente por sua luta em defesa da Amazônia e de seus povos, assassinado por fazendeiros da região, o seringueiro Chico Mendes (1944-1988) é homenageado no turismo do Vale do Acre com um caminho que leva seu nome. Os turistas partem de Rio Branco, passam pelos municípios de Senador Guiomard e Capixaba e chegam a Xapuri, terra natal de Chico. “A rota tem como finalidade contar a história desse importante líder e de sua luta como ambientalista”, diz Elton Pandoja.

Em Xapuri os visitantes podem conhecer a casa do famoso seringueiro, a Fundação Chico Mendes e o Museu de Xapuri. Eles têm ainda a oportunidade de visitar o Seringal de Cachoeira, palco das várias lutas de Chico em defesa dos povos da floresta.

No Seringal há uma pousada ecológica com opção de pernoite. O turista acorda de manhã cedo, percorre trilhas e toma um café da manhã típico dos seringueiros, com tapioca, pão de milho servido com carne moída e ovos, mingau de banana e tapioca.

Pacífico:

Para quem busca um turismo místico, o roteiro do Caminho do Pacífico é a opção certa. O passeio parte de Rio Branco, passa pelas cidades de Brasiléia e Epitaciolândia, vizinhas à cidade de Cobija, na Bolívia. Em seguida, a viagem continua por Assis Brasil, última cidade brasileira, até chegar em Cuzco e Machu Pichu. Ao todo, são cerca de 1.200 quilômetros percorridos. Para conhecer um dos mais intrigantes berços da civilização humana, leva-se cinco dias e quatro noites.

Segundo a dona da agência de viagens Morais Tur, de Rio Branco, Neyla de Assis Morais, o Caminho do Pacífico custa em média US$ 900 com tudo incluído, saindo da capital acreana. “A maioria dos nossos clientes é estrangeira. Trabalhamos como uma operadora de viagens peruana que sempre indica esse roteiro, que é um dos mais procurados”, destaca.

Além do atrativo místico, produtos importados como bebidas, perfumes e eletrônicos, vindos de outras partes do mundo, via Bolívia, são uma forma de atrair o turista para o Caminho do Pacífico. O roteiro oferece uma zona de livre comércio nos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, e Assis Brasil, fronteiriço à Bolívia e ao Peru. Rio Branco funciona como centro irradiador e receptor de turistas.

As três cidades do Caminho do Pacífico servem ainda como pontos de partida para que o turista brasileiro conheça o Peru e a Bolívia. Assis Brasil se localiza a 740 km da cidade peruana de Cuzco, construída pela civilização Inca. “O Caminho do Pacífico dá ao turista a chance de se informar sobre a cultura indígena, muito forte na região”, sugere o gestor de Turismo do Sebrae/AC.

Revolução:

O Caminho da Revolução sai de Rio Branco e vai para Porto Acre. Esse município foi o berço da Revolução Acreana, movimento que separou o estado da Bolívia e o colocou sob domínio brasileiro no começo do século XX. Recentemente, a localidade serviu de cenário para a minissérie ‘Amazônia’, da Rede Globo, que retratou o movimento.

Em Porto Acre, está a disposição do visitante a Sala Memória, museu que conta toda a história da luta. O município destaca um sítio histórico, com vestígios das lutas e da arquitetura típica das casas de madeira dos seringalistas (proprietários dos seringais). A cidade cenográfica da produção global passa por uma série de obras para que seja aberta a visitação.

Castanha e amendoim:

Segundo Elton Pandoja, o Vale do Acre se destaca por reunir alguns dos mais belos cenários da Amazônia, um povo hospitaleiro e um rico folclore. “No Acre, os turistas podem manter contato com um modelo pautado na sustentabilidade da floresta, conhecido como ‘florestania’, no qual se procura utilizar os recursos naturais com sabedoria, para se viver e conviver com a floresta sem prejudicá-la”, explica.

A culinária oferece verdadeiros deleites em pratos tradicionais nortistas, como o pato ao tucupi, a rabada no tucupi e o tacacá. Os recentes festivais gastronômicos revelaram outras delícias como a costela de tambaqui ao molho de castanha, a salada de maionese com amendoim e a saltenha com amendoim, salgado semelhante a um pastel, com recheio de frango, batata e amendoim.

Para chegar ao Acre, o turista pode optar por duas companhias aéreas brasileiras. O visitante adquire os passeios turísticos em operadoras nacionais ou em agências de turismo em Rio Branco. Na capital, a rede hoteleira conta com 11 empreendimentos de médio porte. Brasiléia, Xapuri e Epitaciolândia dispõem de hotéis e pousadas e os outros municípios contam com pousadas.

Fonte: Sebrae no Acre