Empresários verdes

Editoria: Vininha F. Carvalho 12/09/2012

Se, até poucos anos atrás, os empresários do mundo, em especial os do Brasil, pouco se importavam com o meio ambiente, agora temos sinais claros de que essa mentalidade está mudando.

O International Business Report 2009, pesquisa anual feita pela Grant Thornton International, com 7.200 empresas privadas de capital fechado (ou privately held businesses, PHBs) de 36 países, inclusive o Brasil, mostra que pelo menos 51% do total das companhias estão dispostas a abrir mão de parte dos seus lucros para proteger o meio ambiente.

É uma grande mudança de paradigma. Entre os brasileiros, o índice de empresários dispostos a perder parte da rentabilidade em prol da sustentabilidade é um pouco menor do que a média mundial, chegando a 43%.

Mas é um número bem alto, se comparado ao que se via no passado, inclusive em anos mais recentes. Percebe-se claramente que a adoção de práticas verdes e de produção limpa vem norteando o planejamento estratégico de um número cada vez maior de empresas, de todos os tamanhos e setores.

Esse processo de evolução da sociedade com relação ao meio ambiente mostra, principalmente, que o meio empresarial está percebendo que o consumidor está cada vez mais preocupado com as questões ligadas à sustentabilidade e está mais exigente também.

A tendência é que a pressão dos consumidores aumente nos próximos anos, levando o setor produtivo a mudar de atitude, nem que seja apenas para a preservação do próprio negócio.

De qualquer forma, quem sai g anhando é o meio ambiente. Há mais um dado que merece ser destacado nesta análise. Esses empresários perceberam que, se não cuidarem da sustentabilidade, no futuro itens como matéria-prima e água poderão ficar cada vez mais caros e escassos, elevando os custos e, consequentemente, diminuindo a rentabilidade e a produção.

A pesquisa da Grant Thornton International mostra também que, entre todos os empresários ouvidos na América Latina, 56% garantem que adotariam práticas ambientalmente corretas. Já 37% preferem manter a rentabilidade.

O Chile é o país com maior preocupação ambiental (89%) , seguido da Argentina (80%) e do México (60%). A região da Ásia Oriental concentra o maior número de empresários dispostos a defender o meio ambiente (61%).

Em uma outra pergunta da pesquisa, à qual os empresários deveriam responder se consideravam que a comunidade empresarial do seu país se preocupa ou não com o meio ambiente, foi feita uma média entre as respostas positivas e as negativas.

A média mundial foi de 30%. Entre os brasileiros, esse número foi de 34%. Isso demonstra, mais uma vez, que o executivo brasileiro se importa cada vez mais com a sustentabilidade, com as práticas verdes. Na Argentina, no entanto, os números não são bons, pois foi o país onde essa percepçã ;o foi mais negativa – o índice final ficou em -34%.

É interessante notar que nos países onde a percepção com a preocupação ambiental foi baixa, como no caso da Argentina, Turquia, Grécia e China, os empresários estão mais dispostos a abrir mão do lucro para melhorar o meio ambiente.

A pesquisa deixa claro que o lucro não é, obviamente, o único fator que conduz as práticas empresariais. Além da ética e da preocupação social do emprego, agora também chama a atenção o meio ambiente.

Restará às empresas que ainda não atentaram a esse grande assunto rever seus planejamentos e inserirem-se no conceito de entidades que respeitam o meio ambiente. Sem dúvida, esse ser& aacute; um dos fatores importantes no sucesso dessas organizações.

Fonte: Wanderlei Ferreira é sócio da Terco Grant Thornton, auditoria e consultoria.