O Papa Emérito Bento XVI e os gatos, um belo exemplo

Editoria: Vininha F. Carvalho 18/04/2013

A percepção de que os animais não são nada além de coisas, criadas para servir os humanos, é um conceito que herdamos dos nossos ancestrais. Mudar percepções é um processo difícil, árduo e exige muita persistencia.

As pessoas raramente querem repensar suas idéias, confrontar seus próprios preconceitos, desafiar os hábitos da mente e do corpo a que foram acostumados.

Campanhas, estratégias, petições, protestos, enfim todo ativismo é muito positivo, mas dificilmente irá atingir a mudança de percepção por inteiro num curto espaço de tempo. Mas precisamos ressaltar os bons exemplos, porque isto faz muita diferença e, fortalece o processo de conscientização.

A defesa do direito dos animais precisa ser considerada como um valor intrínseco concedido pelo Criador. Cada criatura é um ser vivo, que vale por si próprio e não pelo que pode nos dar em troca ou pelo uso que possamos dar a esse ser. Os direitos dos animais têm a ver com uma percepção e representa uma luta espiritual.

O respeito aos animais é algo a ser desenvolvido e as igrejas podem se transformar num canal para essa nova realidade. As igrejas precisam ser líderes no movimento de proteção aos animais, se envolverem cada vez mais na defesa do direito dos animais.

Mas mesmo que as igrejas sejam lentas para responderem às novas idéias, a teologia cristã pode dar um fundamento racional para as idéias que as próprias igrejas têm negligenciado.

De uma perspectiva teológica moderna, os animais não são mais vistos como nossa propriedade; nós não os possuímos. Não temos direitos absolutos nesse planeta, sómente o dever de cuidar dos seres que compõe a natureza.

O novo pontífice, Jorge Mario Bergoglio, adotou o honrado nome de Francisco, em reverência a São Francisco de Assis, que revolucionou e restaurou a simplicidade cristã no século XI. São Francisco de Assis considerava os animais como nossos semelhantes, criados todos pelo mesmo Deus.

O Papa Emérito Bento XVI e João Paulo II, também, condenavam veementemente o maus tratos aos animais. e incentivaram a proteção de toda a criação, a beleza do mundo por Deus gerado, de acordo com o que preconiza o Livro de Genesis

O Papa Emérito Bento XVI compartilhou deste sentimento, dizendo: -“Nós não podemos, simplesmente, fazer qualquer coisa que queiramos com os animais. Animais são, também, criaturas de Deus. Há, por certo, um tipo de uso industrial dessas criaturas, onde galinhas vivem tão comprimidas umas às outras, que acabam transformando-se em caricaturas de aves… isto parece-me, de fato, contradizer a relação de reciprocidade recomendada na Bíblia.”

O Papa Emérito Bento XVI sempre quis escrever livros sobre gatos, relatou seu secretário, Tarcisio Bertone. Ele já teria até o título para o primeiro livro “Um gato no Coliseu em Roma”. Este desejo, já era o seu sonho quando ainda era cardeal. Joseph Ratzinger teve gatos ao seu redor durante décadas, especialmente quando ele era o líder da Congregação para a Doutrina da Fé.

A Congregação ficava em uma das ruas mais movimentadas de Roma, a Via Aurelia. Nesta rua todos os dias, apareciam gatos feridos. E alguns animais eram deixados no jardim da Congregação, ou nas proximidades. Ele era o Cardeal Ratzinger, e cuidou de todos os gatos. Ele os alimentou com leite, quando estavam com fome, curou suas feridas, e os observava enquando se deitavam ao sol e via que aos poucos iam se recuperando. E deu a todos os gatos um nome.

O papa costumava andar pelas ruas de Borgo Pio, seu antigo bairro romano a leste do Vaticano, onde os vizinhos o comparavam com o Dr. Dolittle, um encantador de gatos. Gatos abandonados e errantes, corriam em sua direção quando o viam chegar, e que ele diariamente preparava e separava a comida para eles.

Quando ele era sómente o Cardeal Ratzinger mantinha dois gatos. Quando foi eleito Papa Bento XVI em abril de 2005, surgiu a esperança que os gatos ganhariam um novo espaço no Vaticano , porque o novo Papa era conhecido como um apaixonado por gatos, e que gostava de alimentar os gatos e os cães de rua , mas infelizmente as regras estabelecidas não permitiram.

Como Papa Bento XVI, a partir de então, ele teria que cuidar exclusivamente da grande Igreja. Os felinos em sua casa só estiveram presentes numa coleção de pratos de porcelana com os gatos pintados sobre eles.

O Papa Emérito Bento XVI , inspirou um livro infantil , intitulado "Joseph e Chico”, um livro para crianças que conta a vida dele, tendo como narrador um gato chamado Chico, descrito como um dos melhores amigos do Papa, tem cerca de 40 páginas e está repleto de ilustrações.

A obra, conta com uma introdução escrita pelo secretário pessoal do Papa, Georg Gänswein. O livro é publicado pela editora Messaggero Padova, escrito pela jornalista Jeanne Perego e ilustrado por Donata Dal Molin Casagrande.

De acordo com o secretário, o leitor vai descobrir que, além de amar os gatos, o Pontífice também ama as crianças e reza por elas diariamente.

O seu substituto, o Papa Francisco, na missa que marcou o começo do seu pontificado, lembrou dos ensinamentos de São Francisco de Assis: - “É preciso ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente todas elas e cada uma, especialmente, as crianças, os idosos e os animais, aqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração”.

O Papa Francisco , dirigindo-se, como de costume, aos cardeais e fiéis chamando-os de queridos irmãos e irmãs, apelou para que sejam e assumam o papel de guardiões, afastando os riscos de destruição e morte no mundo.Citou várias passagens bíblicas e mencionou repetidas vezes a palavra responsabilidade.

“Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos guardiões da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”, disse o Papa.

Reiterou ainda, que há sentimentos, como o ódio, a inveja e o orgulho, que “sujam a vida”. “Lembremos-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida. Guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem”.

Ao ler a passagem bíblica do Livro de Romanos, o Papa mencionou a necessidade de manter a esperança viva. “São Paulo fala de Abraão, que acreditou “com esperança, para além do que se podia esperar”, disse ele. “Também hoje, perante tantos momentos de céu cinzento que há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos a esperança”, acrescentou.

O Papa Francisco recomendou que todos se tornem guardiões uns dos outros. Segundo ele, para por em prática o conselho é necessário assumir a sinceridade como premissa.

“É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem”, disse ele. “Sede guardiões dos dons de Deus.” O papa ressaltou que quando o homem falha, ele abre espaço para que forças negativas dominem. Ele citou como exemplo o rei Herodes, mencionado na bíblia, como aquele que perseguiu judeus e seus filhos.

“Quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem “Herodes”, que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher”, disse o Papa Francisco.



De acordo com o papado: An Encyclopediapor Philippe Levillain, Papas anteriores também têm mantido animais de estimação.

- O Papa Paulo II, no c. 15 teve seus gatos tratados por seu médico pessoal.

- Leão XII, em 1820, levava seu gato ”Micetto”, dentro de sua batina.

- O Papa Leão XII tinha um cão e um gato.

- Do Papa Paulo VI, diz-se que uma vez vestiu seu gato em uma versão felina das vestes dos cardeais

- Papa Pio XII manteve pássaros engaiolados no apartamento papal e um peixinho dourado chamado Gretchen.


Alguns sacerdotes famosos que têm gatos são:

- Padre Chuck Giradeau, reitor da Igreja Episcopal de Todos os Santos, em Atlanta, tem uma gato laranja, de nome Ivan.

- Pai Allan Warren, da Igreja do Advento, em Boston, tem quatro gatos, Jake, Jeoffrey, Skipergee e Coruja

- O cardeal Roger Mahony, arcebispo de Los Angeles, tem dois gatos; um chamado Rafael e outro Gabriel. Mahony acredita que os gatos são animais de estimação perfeito para clérigos "porque eles são companheiros maravilhosos. Há uma espiritualidade sobre eles. Sua presença é muito reconfortante. "