Washington, DC (EUA) tem nova exposição sobre Virgem Maria

Editoria: Vininha F. Carvalho 14/11/2014

Por todo o mundo, sua imagem é reconhecida imediatamente. Na história da arte ocidental, ela foi um dos personagens mais famosos a ser retratado durante séculos.

A partir de 5 de dezembro de 2014 até 12 de abril de 2015, a exposição Picturing Mary: Woman, Mother, Idea, estará aberta ao público no National Museum of Women in the Arts (NMWA) em Washington, DC - que juntamente com os Estados de Maryland e Virginia forma a Região da Capital dos EUA - trazendo artigos de museus, igrejas e coleções particulares da Europa e dos Estados Unidos.

A imagem de Virgem Maria, além de ser icônica e devota, traz consigo diversos significados sociais e políticos ao longo da história, influenciando a sensibilidade do Ocidente desde o século seis.

A exposição tem como objetivo examinar as diferentes formas as quais Maria foi retratada por famosos pintores do Renascimento e do Barroco como Boticelli, Dürer, Michelangelo, Pontormo, Gentileschi, Sirani, incluindo quatro artistas mulheres: Sofonisba Anguissola, Artemisia Gentileschi, Orsola Maddalena Caccia e Elisabetta Sirani.

O acervo, que conta com mais de 60 pinturas, esculturas e tecidos, é original de diversos lugares, como os museus do Vaticano, Museu do Louvre, Galeria degli Uffizi, Palácio Pitti e outras coleções públicas e particulares, sendo que algumas obras estão em exibição no país pela primeira vez.

"Entre os mais importantes assuntos da arte Ocidental durante milênios estava uma jovem mulher: Maria, a mãe de Jesus. Seu nome foi dado a catedrais, seu rosto foi retratado por diversos pintores e seus sentimentos foram explorados por poetas", disse o curador da exposição, Monsignor Timothy Verdon.

"Essa exibição irá apresentar o conceito do caráter feminino representado pela Virgem Maria e o poder que sua imagem teve ao longo dos anos, servindo tanto às funções sagradas quanto sociais durante o período Renascentista e Barroco".


- Destaques da exposição:

Em um dos trabalhos mais recentes da exposição, Puccio Capanna, um aprendiz do Giotto, mostra Maria como a Rainha da Virgindade. Ela é rodeada por santas mulheres, formando um agrupamento em que a posição de Maria alude a um modelo de virtude e fé para todas as mulheres.

As suntuosas representações anteriores de Maria prevaleceram até a mudança do conceito de Maria como uma pessoa de empatia acessível, firmando a ideia em comunidades monásticas medievais.

A obra Madonna and Child (1466-69) de Fra Filippo Lippi foi feita sob a influência da família Medici, patronos das artes que fomentaram o Renascimento Italiano.

Esta imagem revela os desejos dos ricos florentinos por uma Madonna que refletisse seus próprios modos de vida: a Virgem usa vestidos de tecidos finos com um lenço de cabeça ornado com ouro e pérolas.

A pose de toque entre a Mãe e filho apareceu, primeiramente, nas esculturas florentinas do mesmo período.

A exposição Picturing Mary oferece a oportunidade de ver pela primeira vez duas obras, lado a lado, do meio do século 15 feitas pelo artista italiano Cosmè Tura, sendo uma a representação de Maria e seu Filho - propriedade da Galeria Nacional de Arte em Washington, DC - e um relevo em terracota vindo da Coleção Grimaldi Fava na Itália. Ambas as obras mostram a Virgem com dedos alongados, demonstrando sua intensidade espiritual.

A Madonna de Botticelli (1480-81) mostra Maria e Jesus em um cenário doméstico enquanto Maria lê um livro de orações. Sua expressão melancólica e o céu escuro ao fundo na janela sugere uma premonição de Maria sobre a morte de Cristo.

Botticelli foi favorecido pelas principais famílias de Florença e aproveitou o patrocínio do Papa Sisto IV.

Considerada a artista mulher mais importante anterior ao período Moderno, Gentileschi foi a primeira a obter um grande estúdio com assistentes, além de ser a primeira mulher aprendiz de Caravaggio. Sua história de vida inspirou diversos romances e filmes contemporâneos.

A Madonna de Gentileschi (1609-10) mostra Maria como uma carinhosa camponesa. Com Jesus enrolado em um pano e sua mãe descalça usando roupas comuns, Gentileschi apresenta uma concepção da Vigem marcadamente humilde.

Já a Madonna de Sirani, Virgin and Child (1663), parte da coleção do NMWA, retrata Maria não como uma rainha do paraíso, mas sim como uma real jovem mãe italiana.

A Virgem usa um turbante típico de camponesas de Bologna, olhando com adoração para seu bebê. Aos 27 anos, Sirani morreu já tendo produzido 2 mil pinturas, desenhos e gravuras. Ela ficou famosa por sua habilidade em pintar lindamente e com pequenos prazos, tanto que os amantes da arte iam a seu estúdio para vê-la pintando. Seus retratos e personagens mitológicos, principalmente imagens da Sagrada Família e da Virgem, ganharam fama internacional.

A Picturing Mary é o mais novo projeto dentro de um contínuo programa de exibições históricas provenientes de empréstimos organizado pelo NMWA.

A curadoria ficou por conta de Monsignor Verdon, com consultoria de Kathryn Wat e facilitado por Hugh Dempsey, ex-diretor do Centro Cultural João Paulo II, Washington, D.C.

Além de trabalhos feitos por artistas mulheres, o NMWA também apresenta exposições sobre a identidade da mulher e a contribuição feminina para a cultura.

Serviço:

- National Museum of Women in the Arts: 1250 New York Avenue, NW, Washington, D.C

- Exposição Picturing Mary: Woman, Mother, Idea: de 5 de dezembro de 2014 até 12 de abril de 2015

- Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 10h às 17h; aos domingos, das12h às 17h
Ingressos: U$ 10 para adultos; U$ 8 para visitantes acima de 65 anos e estudantes; e menores de 18 anos não pagam.

- A entrada é gratuita no primeiro domingo de cada mês.

Fonte: Juliana Bordin