Festas do Divino movimentam o turismo religioso

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/05/2015

Com origem na Idade Média, o culto ao Espírito Santo transforma-se em grande evento em cinquenta cidades brasileiras. Pirenópolis (GO) deve receber 20 mil pessoas por dia durante a celebração

Os festejos do Divino Espírito Santo, uma das mais expressivas manifestações populares e religiosas da cultura brasileira, estão movimentando importantes destinos turísticos de todo o Brasil.

A data da celebração não é fixa, em algumas cidades duras meses, mas o marco tradicional da festa, introduzida no Brasil com a colonização portuguesa, se inicia cinquenta dias depois do domingo de Páscoa.

A celebração do Espírito Santo tem variações em torno de uma estrutura básica: a Folia, a Coroação de um imperador e o Império do Divino, símbolos principais do ritual, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A história deste culto é tão longa como a lista de municípios brasileiros que a transforma em um evento que mistura o sagrado ao profano, incorporando rituais religiosos e expressões culturais que mobilizam turistas de todos os cantos do país.

Um exemplo emblemático é o da cidade goiana de Pirenópolis, distante 130 Km de Brasília, onde a festa do Divino acontece desde 1.819. Hoje, a celebração, considerada a maior e a mais importante do país, ostenta o título de Patrimônio Cultural Imaterial pelo (Iphan). É a quinta vez que que a festa acontece depois do reconhecimento público.

Com cerca de 60 dias de duração, a festa de Pirenópolis terá o seu ápice de 15 a 24 de maio, com a realização das Cavalhadas, uma encenação da luta coreográfica entre mouros e cristãos, que atrai turistas de várias partes do Brasil. “Desde o tombamento em 2010, o fluxo de turistas tem aumentado ano a ano”, disse o secretário de Turismo da cidade, Sérgio Rady. Para este ano, a projeção é que 20 mil pessoas por dia passem pelo Cavalhódromo, espaço onde acontece a encenação.

Na histórica Paraty, litoral sul do Rio de Janeiro, não é diferente. Igualmente registrada como patrimônio cultural, a Festa do Divino conta com celebrações religiosas que expõem ao visitante os principais atrativos da cidade, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios e a Praça da Matriz. Missas, ladainhas, procissões seguidas da distribuição de comida e vinho reforçam a tradição local.

Tem Festa do Divino de norte a sul do Brasil. Na Amazônia, tem até celebração fluvial como a que ocorre em Alta Floresta (RO). Em Minas Gerais, estado de forte tradição religiosa, são, pelo menos, 41 municípios a realizar as comemorações somente no mês de maio. Entre elas, destacam-se ícones do turismo cultural mineiro como Diamantina, São João del-Rei, Sabará e Mariana.

Outras celebrações tradicionais também poderão figurar na lista de patrimônio Cultural Imaterial do país. São elas as Festa do Divino da comunidade de Marmelada, no Piauí, e a Romaria de Carros de Bois da Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade, interior de Goiás. Ambas estão com o processo de registro em andamento no IPHAN.

Fonte: MTur