Gestão de Parques Nacionais ganha com alianças público-privadas

Editoria: Vininha F. Carvalho 10/12/2004

O trabalho desenvolvido na África do Sul, na Argentina e no Brasil na gestão de parques nacionais, e a relação entre turismo e preservação da biodiversidade, dominaram as discussões no painel sob o tema Turismo e Biodiversidade, realizado na tarde de quinta-feira, dia 2 de dezembro. Foi mais um encontro da Agenda Técnica do Encontro Anual do Fórum Mundial de Turismo, que aconteceu em Salvador até o dia 6 de dezembro.

O presidente de administração dos Parques Nacionais da Argentina, Hector Espina, detalhou avanços em infra-estrutura e o crescimento em visitação aos parques nacionais da Patagônia. Ele considera fundamental, no processo de gestão, a participação ativa e a preservação da cultura dos povos oriundos da região.

“Inserir as comunidades no desenvolvimento local, acentuar a identidade e cultura dos povos e capacitar agentes locais contribuíram significativamente para o aumento no número de visitantes”, atestou Espina.

O aumento na visitação aos parques nacionais da Patagônia representa um incremento na economia de 400 milhões de pesos por ano, ou cerca de US$135 milhões. Em 2003, 1,8 milhão de pessoas visitaram os parques nacionais argentinos – um acréscimo de 50% em relação a 2002. Para 2004, é esperado um novo crescimento de 30% sobre o ano anterior.

A cooperação da população local na preservação da biodiversidade, e a participação no plano de administração das áreas conservadas, também foram identificadas como estratégias de sustentabilidade na administração dos 20 pareques nacionais da África do Sul por Giju Varghese, diretor comercial da SANparks – a South African National Parks.

Segundo Varghese, cerca de 80% dos recursos para administrar áreas protegidas e transformá-las em opções turísticas vêm da iniciativa privada, através de empresas ligadas ao setor de turismo. Os recursos privados reduziram a dependência de verbas públicas, e aumentaram a eficiência operacional dos parques. Ele ressaltou que mesmo com a comercialização das áreas, a conservação ainda é prioridade: “conservação e turismo não são opostos, são interdependentes”, concluiu.

O Parque Nacional de Iguaçu, com seus 65 anos de história, trouxe uma perspectiva brasileira ao evento. Situado em uma das maiores reservas florestais do sul do país, Iguaçú está perto de atingir a marca de 1 milhão de visitantes em 2004. O Diretor do Ibama – o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Jorge Pegoraro, explicou que a expressiva marca só foi possível após um trabalho de revitalização, que aconteceu entre 1999 e 2000 com participação da iniciativa privada.

“Hoje, seis empresas administram serviços para os turistas como transporte, bilheteria e alimentação. Essa parceria possibilitou oferecermos mais produtos e possibilidades de experiências como rafting, rapel e arvorismo. A visitação aumentou 20% em 2003 com relação a 2002, e será 30% maior este ano”, afirmou Pegoraro. O Parque Nacional do Iguaçu é hoje o mais visitado do Brasil.

Os participantes do debate apontaram a evolução da atividade turística em áreas ambientalmente sensíveis como fator de desenvolvimento econômico para seus países. Para financiar a aquisição de novas áreas e ecossistemas, manter as já existentes e investir em pesquisas científicas e educação ambiental, as parcerias entre governos e o setor privado são consideradas fundamentais. São elas que viabilizam a transformação de parques nacionais em destinos turísticos, gerenciados com prioridade para a conservação da biodiversidade e a preservação dos valores sociais e culturais das comunidades locais.

Fonte: MVL Comunicação / Assessoria de Imprensa