Civilização Maia une América Central na busca pelo turismo sustentável

Editoria: Vininha F. Carvalho 10/12/2004

A segunda maior floresta tropical do mundo, onde existem cerca de 400 cidades arqueológicas e onde vivem 5 milhões de indígenas maia, é palco de um grande projeto de turismo sustentável: o Programa Mundo Maya de Turismo Sustentável.

O programa, que une cinco países da América Central e várias instituições internacionais, foi apresentado para uma sala lotada na tarde de quinta-feira, 2 de dezembro, durante o primeiro Encontro Anual do Fórum Mundial de Turismo para Paz e Desenvolvimento Sustentável no Trapiche Eventos em Salvador.

“Buscamos estimular a criação de pequenos aeroportos, que não têm grande impacto ambiental, além de outros pequenos negócios, sempre assegurando que a população local esteja envolvida”, disse Raymond Chavez, vice-presidente da Counterpart International, uma das instituições que criaram o Programa Mundo Maya e parceira-apoiadora do Fórum Mundial de Turismo.

O projeto promove restaurações arqueológicas, ecoturismo e turismo arqueológico, além de desenvolver infra-estrutura básica para a população e iniciativas de geração de renda. A iniciativa também trabalha para a preservação de sítios arqueológicos e da biodiversidade, criação de infra-estrutura para o turismo e melhoria da segurança para a população e para turistas.

Arthur Demarest, arqueólogo e diretor do Instituto Vanderbilt de Arqueologia Mesoamericana, mostrou como ações desse tipo funcionam na prática. Em 1996, quando iniciou uma escavação na região de Cancuen, na Guatemala, Demarest passou a treinar a população maia, na sua maioria de baixa renda, para trabalhar nas escavações e na restauração das ruínas. As comunidades de 12 vilas da região também receberam qualificação para atuar na indústria do turismo e hoje trabalham como guias, gerenciam pousadas e fazem o transporte dos turistas pelos rios, entre outras atividades. Em breve, o projeto deve ser expandido para outras 30 vilas do país.

“Muitos governos da região achavam que o turismo iria destruir as ruínas arqueológicas, mas ele é a chave para a proteção e preservação dos sítios”, acredita Demarest. Hoje, os maia se sentem responsáveis pelas ruínas e ajudam a evitar muitos saques de relíquias, que são comuns na região. “O que eu faço na Guatemala é o mesmo que vem sendo feito por diversas ONGs em outras partes do mundo: dar poder à comunidade local e torná-la responsável pela preservação das suas riquezas.”

Jonathan Tourtellot, diretor de turismo sustentável da National Geographic Society, apresentou o conceito de geoturismo, criado e promovido pela própria National Geographic. Segundo Tourtellot, geoturismo é aquele que preserva ou destaca as características geográficas de um lugar: meio ambiente, cultura, patrimônio arquitetônico e bem estar dos seus habitantes.

Em outubro de 2004, Honduras tornou-se o primeiro país a assinar os Princípios do Geoturismo, que incluem preservar a integridade dos destinos, envolver a comunidade e promover a interação entre visitantes e a população local. A mesa também contou com a participação de Firmin Antônio, presidente no Brasil do grupo mundial hoteleiro Accor, e Eva Carolina Gomez, vice-ministra de turismo de Honduras.

Fonte: MVL Comunicação