Presidente da ABIH fala sobre :Futuro da Hotelaria Independente

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/01/2005

Luiz Carlos Nunes, presidente da ABIH, fala sobre o tema"O Futuro da Hotelaria Independente" e sobre o mercado hoteleiro.

1) Hoje, qual a situação da Hotelaria Independente no Brasil?

R. O cenário de forte repressão da demanda, encolhimento das despesas de viagens e a forte expansão do setor, contribuíram significativamente para a queda dramática das taxas de ocupação em nível nacional e aqueceram a concorrência, forçando a hotelaria independente a buscar novas opções de competitividade.

Mesmo diante da progressiva participação das Redes Hoteleiras no mercado, a Hotelaria Independente responde pela parcela mais significativa do setor, e acreditamos que nos próximos anos o crescimento se manterá ascendente.

Historicamente, a Indústria Hoteleira do Brasil tem suas origens ligadas à administração Familiar. E torna-la profissional, produtiva e competitiva tem sido a tarefa da ABIH Nacional.

2) Quais os quesitos exigidos pelo mercado para tornar um empreendimento competitivo?

R. No mundo globalizado, a qualidade se traduz em dinamismo, na prestação de serviços que antecipam a expectativa dos hóspedes e na atenção aos detalhes, aliado à tecnologia de ponta. O mercado exige uma busca constante de diferenciais para conquistar e fidelizar os hóspedes.

A Hotelaria é um produto, e nós temos condições para oferecer o que há de melhor. E para isso precisamos contar com profissionais comprometidos com a qualidade, que acima de tudo amem a hotelaria, que tenham auto-estima elevada,alta sociabilidade e muita paciência. É preciso também que todas as pessoas que fazem gerar as complexas engrenagens do setor estejam prontas a investir em si mesmas, através de cursos, palestras e reciclagens em geral.

3) Hoje qual a situação da Indústria Hoteleira no Brasil?

R. O mercado tem investido muito no aumento da oferta hoteleira. A globalização aumentou uma expectativa de crescimento de demanda, que levou o setor a investir em novos empreendimentos e também modernizar os já existentes, sem contar que nos últimos anos a hotelaria transformou-se num grande mercado imobiliário, com a construção dos flats.

Hoje, somos um país já globalizado, mas percebe-se que a demanda, entretanto, não cresceu no mesmo ritmo das expectativas. Temos um Parque Hoteleiro bem equipado, mas precisamos pensar em ações que venham a combater a ociosidade dos leitos. A média nacional de ocupação, em torno de 50% deixa a desejar, mas já podemos sentir que está havendo um tímido aquecimento,e a expectativa é de que a média nacional chegue ainda este ano aos 60%.

4) As perspectivas do setor para este segundo semestre de 2004 são favoráveis?

R. Mesmo com o excesso de oferta do mercado, novos investimentos estão sendo anunciados. Para se ter uma idéia, ainda neste segundo semestre, tomando-se por base apenas os empreendimentos ligados à Redes Hoteleiras, teremos um acréscimo de 69 hotéis (*) até o final do ano. Não podemos esquecer dos hotéis de bandeiras independentes que deverão ser inaugurados nesses períodos. Esperamos que haja um crescimento da economia num curto espaço de tempo,para que o nosso setor possa se recuperar.

5) A superoferta de leitos tem sido um fator de contínua preocupação do mercado. O que fazer para enfrentar esta situação?

R. A situação exige cautela. O mercado tem a consciência que temos vivido uma situação de excesso de oferta. Cabe aos empreendedores, reavaliarem seus planos e verificarem se de fato vale a pena neste momento, disponibilizarem novos empreendimentos. Uma das formas de resolver esta situação é a regulamentação do setor.

6) Que tipo de influência a forte expansão das redes nacionais e internacionais pode ter sobre o futuro da Hotelaria Independente?

R. A hotelaria independente é e deve manter-se por bom tempo como a base global da hotelaria nacional. Apesar da forte expansão das redes, a oferta de empreendimentos gerada pelas mesmas ainda é inexpressiva diante da hotelaria independente. Agora, cabe avaliar que as Redes com seus novos conceitos,tecnologia de ponta e outros recursos, tem representado um diferencial para o mercado, e por conseqüência estimulado a hotelaria independente a investirem mais em modernização.

7) Qual o potencial do Parque Hoteleiro Nacional?

R. Hoje, a Hotelaria nacional conta com aproximadamente 18 mil meios de hospedagem, considerando-se todo tipo de hospedagem. E se considerarmos apenas os hotéis, são cerca de 13 mil.

8) Quantos estão filiados à ABIH?

R. Temos 2.200 associados.

9) O plano apresentado pelo governo federal para o setor do turismo em sua opinião é adequado às necessidades deste mercado? Que impactosterá para o desenvolvimento do setor?

R. Neste primeiro ano do plano, o Ministério trabalhou mais com a estruturação do Plano, mas já temos dados que mostram um pequeno crescimento, principalmente com relação à entrada de turistas estrangeiros no país. As metas são desafiadoras, mas acreditamos que da forma que o Ministro Walfrido dos Mares Guia está conduzindo o Ministério e executando o plano, elas serão atingidas. Cabe agora aguardar os resultados.

10) O que o Brasil precisa para atrair um maior número de estrangeiros?

R.O Brasil precisa de um plano consistente de marketing e divulgação no exterior. Uma ação que está sendo desenvolvida pelo Ministério do Turismo, através da Embratur e que a médio e longo prazo deverá reverter esse quadro. Aliás, ainda que de forma tímida já temos sentido os primeiros resultados.

11) Quanto movimenta anualmente o setor em que o sr. atua?

R. Em torno de 10 milhões anualmente

12) Quais as expectativas para Mercado Hoteleiro?

R. A hotelaria é um dos setores que mais sentem o reflexo quando a economia não está bem, esperamos que com a recuperação da economia e do emprego, o nosso setor possa se recuperar a curto espaço de tempo, pois afinal, também somos um grande gerador de empregos e precisamos que nossos hotéis voltem a ter boas taxas de ocupação para que isto aconteça

13) Que tipo de hotéis tem experimentado um crescimento mais acentuadono momento?

R. Especialmente hotéis econômicos em cidades do interior, ou resorts no Nordeste.

Fonte: Amazonas Press Assessoria e Comunicação